Artigo – 2017: O sol nascente

  • 12 de janeiro de 2017
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Passada a festa brilhante de fogos artísticos na virada do ano, o brasileiro, após curto sono, acorda olhando para o horizonte e vê o sol nascer, embora ainda com grande nebulosidade. Esta é fruto da má gestão pública cultivada ao longo dos anos, enfatizada nas duas décadas deste século, em que floresceu a ineficiência e a corrupção da gestão pública nesta dimensão.

O efeito dessa desordem devastadora deixou não só a União como Estados e Municípios em situação desestruturada. Felizmente, tanto o atual governo federal como estaduais e municipais, em grande parte, estão manifestando a conscientização da realidade e o interesse em adotar medidas corretivas, destacadamente a redução dos gastos públicos e o expurgo da corrupção. Embora só isso não seja suficiente, visto que é preciso dinamizar a economia, mas já é uma boa sinalização da conscientização das grandes falhas governamentais.

As medidas sinalizadas pelo Governo Federal são um ponto de partida. Muito ainda precisará fazer para transformar este País de rico potencial em País Desenvolvido. Só explorar recursos naturais e utilizar sua capacidade de endividamento é uma rota instável e perigosa.

Muito se precisará fazer em favor da saúde, da educação, da segurança, da infraestrutura, da capacitação competitiva e da eficácia governamental. Não adianta apenas falar e prometer. É preciso fazer acontecer.

É muito válida a premissa de que “A palavra solta, a flecha desferida e a oportunidade perdida” são irrecuperáveis. Melhorar a eficácia governamental é indispensável. Isso não só evitará o desperdício como facilitará a ação dos empreendedores. Reduzir o tamanho da máquina pública é indispensável e parece ser a preocupação de muitos governantes recém empossados. O próprio legislativo tem grande espaço para reduzir. Não se justifica uma câmara com 513 deputados. Há espaço para reduzir de 40 a 50%. Isso implicaria numa brutal redução da equipe, muitos dos quais simples beneficiários ou parentes. Poder-se ia criar uma secretaria técnica que servisse a todos os deputados e esses teriam sua equipe minimizada. Será fácil fazer isso? Certamente não, visto que fere interesses pessoais, mas seria útil e possível.

Chega de desperdício e corrupção. Alimentemos a esperança de que até o final desta década tenhamos transformações corretivas estratégicas. Para tanto, será necessário cultivar e estimular a criação e presença da tão desejada “Comunidade Cívica”. A Criação de um CGI (Conselho Gestor Independente), composto por profissionais corretos e competentes que represente o núcleo básico da sociedade – Governo, Instituições e Cidadãos – seria muito útil para estimular, direcionar, avaliar e corrigir, com responsabilidade,  os rumos e ações dos setores públicos e privados. Esse CGI não só acompanharia o desempenho das ações recomendadas como faria as sugestões corretivas e evolutivas ao longo do desempenho do processo.

Como esta seria uma ação que não coincide com os interesses particulares, principalmente dos favorecidos dos processos corruptos, não será uma tarefa fácil. Mas seria uma ação desejável e com ampla repercussão favorável para a construção de um País saudável, com benefícios à sociedade e bloqueio à corrupção.

Isto é difícil, mas é possível. Precisamos refletir e agir.


Humberto Dalsasso é Economista e Consultor Empresarial de Alta Gestão.

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