2º Seminário Mulher Economista e Diversidade tem início com debate sobre tecnologia
Economista Helena Lastres abordou os impactos da difusão das novas tecnologias de comunicação e informação
Teve início na noite desta quinta-feira (12) 0 2º Seminário Mulher Economista e Diversidade. O evento é promovido pela Comissão Mulher Economista e Diversidade do Cofecon e pelo Corecon-MG e tem como tema “Mulheres Economistas, Pesquisadoras, Inovações e Financiamentos”. A noite de abertura ocorreu no auditório do Corecon e contou com uma palestra magna proferida pela economista Helena Lastres. O evento pode ser assistido clicando AQUI.
A conselheira federal Teresinha de Jesus Ferreira da Silva, coordenadora da Comissão Mulher Economista e Diversidade, agradeceu a presença dos homens no auditório. “É um evento voltado para nós mulheres, mas não é fechado para os homens. Isso é diversidade: trabalhar a questão da mulher economista, mas também inserir os homens dentro deste contexto”, afirmou. “Esse seminário é uma mudança de percepção do que nós queremos, qual é a nossa participação e o nosso potencial. Somos competentes, temos diversidade de conhecimentos e precisamos servir de exemplo para outras mulheres, para que elas possam se espelhar em colegas bem-sucedidas dentro da profissão.
A presidente do Corecon-MG, Valquíria Assis, afirmou que a sede do Regional é historicamente um espaço de discussões importante da cidade de Belo Horizonte e abordou o tema do evento. “Vemos as dificuldades das mulheres que fazem pesquisa, buscando conhecimento, e nossa participação ainda é pequena”, observou. “Na pandemia o mundo se tornou mais digital e tecnológico. As pautas das mulheres são muitas, e temos essa nova, porque precisamos nos inserir neste novo mercado de trabalho que está surgindo e que as mulheres pouco dominam”.
Carolina Rocha apontou que a igualdade de gênero, mais do que uma questão de equidade, é “um imperativo para o avanço da ciência e a construção de um mundo mais justo e inovador”. A vice-presidente do Corecon-MG mencionou também que “o Brasil e o mundo estão imersos numa nova revolução industrial marcada por avanços tecnológicos e inovações disruptivas. O papel das mulheres é mais crucial que nunca. Economistas como Maria da Conceição Tavares têm demonstrado que sua participação ativa e liderança são essenciais para enfrentar os desafios contemporâneos e moldar um futuro mais equitativo e progressista”.
A presidente do Corecon-PE, Poema Souza, destacou a diversidade representada na mesa de abertura. “Temos representação de várias regiões, etnias, raças, credos e cores”, comentou. “O papel da mulher economista tem que ser valorizado. Embora tenhamos menor proporção em cargos de liderança, acredito que a trajetória está sendo bem desenvolvida, alcançando novos espaços. Para isso são necessárias políticas públicas, e o governo recentemente aprovou uma que garante que as mulheres na pós-graduação tenham um prazo maior se forem mães. Assim podemos incentivar mulheres cada vez mais qualificadas para assumirem posições com uma formação como o mercado exige”.
A economista Beatriz Barros ressaltou o apoio que teve de várias instituições ao longo de sua trajetória. “Sempre digo que nunca sonhei em ser doutoranda ou doutora em economia, porque essa possibilidade nunca me foi apresentada. Foi a escola e o espaço dado pelos professores e pelos colegas aqui presentes que me proporcionaram a oportunidade de estar aqui com vocês hoje”, agradeceu. “Este espaço de debates, além de promover um incentivo ao nosso trabalho, tem o papel de formar novas mulheres”.
“Neste seminário discutiremos nosso papel no contexto tecnológico, no mercado de trabalho e principalmente nas posições de liderança”, expressou a economista Eulália Alvarenga. “Podemos
estar, por exemplo, no mercado financeiro, onde somente 2º de mulheres têm cargos de diretoras e executivas e somos menos de 20% nas cadeiras de conselhos de administração”.
A mesa de abertura também contou com um vídeo de homenagem à economista Maria da Conceição Tavares, falecida no mês de junho aos 94 anos. Conceição foi professora de diversas personalidades relevantes da economia brasileira e recebeu em 2010 o prêmio Personalidade Econômica do Ano, entregue pelo Cofecon, tendo sido a primeira mulher agraciada com tal honraria.
Palestra magna
A palestra magna da noite de abertura foi realizada pela economista Helena Lastres, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com doutorado em desenvolvimento industrial e política de ciência, tecnologia e inovação pela Universidade de Sussex e pós-doutorado em inovação pela Universidade Pierre Mendès-France, na França. Ela discutiu alguns conceitos de desenvolvimento e abordou o grande impacto causado pelo avanço das tecnologias de informação e comunicação desde o final do século passado.
As tecnologias alteraram não somente as atividades produtivas, mas também aspectos da vida ambiental, social e política. Essa situação reforça a relevância do papel do Estado no sentido de proteger as sociedades e as economias dos países e orientar a difusão destas tecnologias. “Essas mudanças desafiam inclusive a teoria econômica. Tem um campo enorme de pesquisa aí para nós, economistas”, apontou Lastres. “Mas, em primeiro lugar, se baseiam na imaterialidade, na intangibilidade, não como conhecemos na economia industrial. Tem a capacidade de ser utilizada simultaneamente em vários lugares do mundo. Quanto mais eu compartilhar, mais eu aumento o conhecimento, e isso dá um nó nas teorias baseadas na escassez. As informações são muito mais que abundantes, são inesgotáveis. Podem ser replicadas muitas vezes a custo zero”.
Um dos aspectos mais destacados são as novas formas online de comercialização e de pagamento. Elas levaram à transformação do consumidor em coprodutor daquilo que consome, dando informações sobre o seu conteúdo, seu perfil e experiências. Em todo o tempo são coletadas informações. Os celulares, mesmo desligados, realizam esta coleta. “Privacidade? Esqueçam”, sentenciou a professora.