Artigo – A sociedade do “novo normal”
Por Lauro Chaves Neto – Consultor, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e conselheiro do Conselho Federal de Economia. Artigo originalmente publicado no jornal O Povo em 15 de junho de 2020.
A pandemia do novo coronavírus delimita o final do século XX, reconhecido como a era do desenvolvimento tecnológico, porém a crise veio evidenciar os limites do ser humano, apesar de todo o aparato tecnológico. Assim, essa crise, além de dramática, tem sido um verdadeiro acelerador de futuro.
A vida se transformará profundamente nos próximos meses e anos, alguém que deseje realizar seu projeto empresarial, ou mesmo pessoal, sob a ótica usada em 2019, estará fadado ao insucesso, porque ainda não internalizou as mudanças. Ao chegar, o vírus vindo da China deixou o que era futuro para trás, projetos e planos ficaram suspensos, foram adiados ou totalmente modificados.
Esta é uma das mais profundas crises da nossa história recente. Enquanto a vacina não chega, a sociedade permanece em um “novo normal” – aliás, bem “anormal”, pois do antigo padrão não tem nada. Esta crise está transformando a forma como nos relacionamos com o mundo, com os outros e com nós mesmos.
Catástrofes e guerras sempre aceleram as mudanças ao longo da história, vemos isso novamente quando analisamos os impactos da Covid-19, que está abalando todos os setores da sociedade. Apenas novos padrões tecnológicos e de comportamento podem nos guiar em direção a soluções. A crise se propaga por uma rede de disseminação de um território para outro.
As empresas sofrerão um processo de aceleração da inovação e precisarão ser mais ágeis. As cadeias de valor globais tendem a ser mais seletivas, provocadas por uma onda de reindustrialização e protecionismo, principalmente dos Estados Unidos, do Japão e da União Europeia.
Após ser “obrigada” a usar as tecnologias digitais durante o isolamento, a sociedade tenderá a aderir aos novos hábitos e os incorporará, desde as reuniões corporativas até os encontros familiares e pessoais, o mesmo acontecerá na economia.
A sociedade mudou 10 anos em poucos meses, não voltaremos à realidade existente antes da crise, haverá um “novo normal” em todos os setores da sociedade, alguns com maior e outros com menor intensidade. Teremos novos padrões de consumo e de relacionamento humano.