Artigo – Cretinismo econômico

  • 15 de setembro de 2016
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Desde maio, quando ocorreu a deposição da Presidente Dilma, a grande mídia tem divulgado um maior otimismo com a economia brasileira, com aumento da confiança de empresários e consumidores. Mas de onde vem tamanho otimismo se os dados econômicos permanecem ruins? Queda do PIB, aumento do desemprego e do déficit público, inflação resistente e queda da renda familiar.

O que há, de fato, é um verdadeiro festival de hipocrisia e cretinismo. A tão alardeada retomada dos investimentos privados após o golpe parlamentar não passa de retórica de botequim. Basta ver os dados do IBGE, que apontaram queda de 8,8% nos investimentos no 2º trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2015. Já as vendas do varejo, segundo a PMC/IBGE, despencaram 10,2% em julho face a julho de 2015. E não há como ser diferente. Com a taxa de juros em níveis tão elevados, altíssimo nível de endividamento das empresas e ampla capacidade ociosa, por que o empresário vai investir?

Dessa forma, os otimistas “economistas do mercado” deveriam explicar de onde viria a propalada retomada do crescimento com Temer, pois se não será puxada pela aceleração do investimento privado; nem pelo investimento público, em franca queda; nem pelo gasto público, ameaçado por vultosos cortes; tampouco pelo consumo das famílias, dada a forte retração da massa salarial; e muito menos pelas exportações, com a taxa de câmbio novamente apreciada e volátil; afinal, de onde viria?

O cretinismo se vê também no pacote de concessões de R$ 30 bilhões que Temer lançou nesta terça, que é cópia escancarada do pacote de Dilma, com financiamento de 80% pelo BNDES/FI-FGTS, mecanismo que se criticava quando proposto por Dilma.

Por fim, no plano político, a operação “Abafa a Lava Jato” teve mais um capítulo, com a demissão de Fábio Medina da Advocacia-Geral da União (AGU), que acusou o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha de obstruir ações de improbidade administrativa contra políticos da base do governo. Cadê o pato amarelo?

Júlio Miragaya – Presidente do Conselho Federal de Economia.

 

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