Artigo – Anões da política
Segundo pesquisa Ibope de 25 de setembro, passados quase 5 meses do governo Temer, 74% da população, que já não morria de amores pelo governo Dilma, acha que o atual está pior (33%) ou igual (41%) ao dela. A avaliação tende a piorar após a Câmara dos Deputados ter aprovado em 1º turno a PEC nº 241/16, que congela os gastos sociais da União até 2037 visando garantir e ampliar os recursos direcionados ao mercado financeiro.
Mas certamente a proposta encontrará forte resistência da sociedade brasileira, que também reagirá à reforma previdenciária que está no forno do Planalto. Como pimenta nos olhos dos outros é refresco, um dos membros do núcleo central do governo, o ministro Geddel, segundo o jornalista Elio Gaspari, se aposentou aos 51 anos (recebendo aposentadoria mensal de R$ 31 mil, além do salário de ministro), mas defende para os outros a idade mínima de 65 anos, inclusive para mulheres e trabalhadores rurais (que recebem R$ 880), quando se sabe que a expectativa média de vida do camponês nas regiões Norte e Nordeste é de 63 anos.
Peça publicitária do governo que Geddel integra afirma que Temer assumiu o País com diversas obras públicas inacabadas, citando, entre elas, a transposição do rio São Francisco e a ferrovia Transnordestina. Escondeu, entretanto, que Geddel, enquanto ministro da Integração Nacional, durante todo o segundo governo Lula (2007 a 2010), foi o responsável por esses projetos que não andaram. E pior, diz que apenas 53 km da rodovia BR-163 haviam sido pavimentados até 2012, quando o próprio site do Ministério dos Transportes revela que durante as gestões de Lula e Dilma foram concluídos 840 km dos 1.024 km da rodovia entre Guarantã (MT) e Santarém (PA). Como dizia o “analista de Bagé”, quem nasceu para anão do orçamento jamais será um gigante da política.
Júlio Miragaya – Presidente do Conselho Federal de Economia