Articulação econômica, social e ambiental é discutida no XXIV Congresso Brasileiro de Economia
O evento “Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) no Brasil” que ocorreu durante o XXIV Congresso Brasileiro de Economia, teve como palestrantes Carlos Gadelha, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, e José Eduardo Cassiolato, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para Cassiolato, é preciso olhar pela lente da importância da saúde em novos processos de desenvolvimento, principalmente depois da pandemia. “O momento é traumático para todos, essas transformações têm tido um impacto enorme na vida humana, temos 584 mil mortos no país e o Brasil é o segundo na lista de mortes. É com tristeza que a gente observa esses últimos 18 meses.
Gadelha aponta que o grande desafio é a articulação econômica, social e ambiental. “A ideia é que não são mundos separados, mas sim que há uma relação onde o mundo social e a saúde são parte da estrutura econômica”. Para o economista, a pandemia representa um chamamento para os economistas “abrirem a caixa” e verem o processo de desenvolvimento a partir do tratamento endógeno da dimensão social do desenvolvimento.
“Há o aprofundamento de uma crise aguda de uma crise crônica no capitalismo vivo há mais de 40 anos”, aponta José Cassiolato. Ele relembra que foram 150 milhões de pessoas no mundo inteiro que foram lançadas na pobreza e que existe 1% da população mundial que se tornou parte do grupo dos “super ricos”. “Houve o aumento brutal da pobreza e da desigualdade social no momento em um momento de avanço das tecnologias com a indústria 4.0”. Para o economista, houve uma retirada do estado de seu papel de provedor do bem estar social.
Gadelha ressalta que a pauta não é e não deveria ser somente sobre economia e que é preciso pensar no direito à vida também. “Não podemos ter um padrão produtivo que não seja compatível com os parâmetros sociais e ambientais relacionados ao mundo da vida”, afirma Carlos Gadelha. “Temos que reconsiderar a nossa ciência e superar a lógica de sermos vistos apenas como contadores e arautos do equilíbrio orçamentário”.