Artigo – Expectativas

  • 3 de novembro de 2016
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Normalmente, vivemos de expectativas diante do mosaico da vida. Expectativas profissionais, amorosas, familiares, políticas, econômicas, relacionais, enfim, um grande número de possibilidades guia nossas vidas.

Junto das expectativas deparamo-nos com a incerteza e o risco.

Esse é o ponto-cruz: como evitar e reduzir incerteza e risco?

Muitos indivíduos conduzem suas vidas de maneira metódica e sistemática, não se pautando pela sorte do pé de coelho ou da ferradura atrás da porta.

Dizem, que indivíduos assim não vivem, apenas seguem uma rotina imutável e lúgubre.

Tenho dúvidas, mas, isso, deixo para o leitor, também, refletir.

Ora, se há incerteza e risco em nossas expectativas e decisões futuras o que fazer?

Antes da resposta uma outra indagação: como se formam as expectativas?

A formação das expectativas envolve o conhecimento adquirido, a interpretação autônoma da realidade e a observação de informações e a chegada de novas informações. (COSTA, M. A. S., 1998)

Conhecer, interpretar e buscar informações são maneiras de reduzir incerteza à risco, que é mensurável.

A incerteza é algo inesperado e sem parâmetros, porém, o risco, como mencionado, é mensurável e previsível diante das informações buscadas, encontradas e utilizadas para as tomadas de decisão.

Assim agindo passamos a gerar expectativas racionais pautadas em informações passadas e disponíveis.

Porém, mesmo agindo racionalmente, é um ato prudencial a revisão de nossas expectativas, normalmente, incertas, entretanto, podemos adaptar nossas decisões diante das expectativas adaptativas decorrente dos fatos realizados não alcançados e reacomodá-las para um outro futuro tão incerto quanto o passado que um dia foi futuro.

Por isso, tenho dito, insistente e frequentemente, que mercado é uma referência e não um modelo a ser seguido cegamente, pois, conforme ele é estruturado, diferencia e dinamiza as ações dos agentes e/ou indivíduos nele envolvidos.

Daí dizer que economia não é a “mão invisível pura” nem a “mão visível e pesada” do Estado.

Economia, em realidade, é um híbrido de decisões de mercado autônomas e construções institucionais coletivas.

Todos esperam que as decisões e ações públicas calibrem o ambiente institucional, reduzindo as incertezas institucionais e efetivas, razão pela qual não basta o impostômetro, mas, necessariamente, o gastômetro.

Como exemplo, o que esperar da PEC 241?

Estamos diante de tamanha expectativa institucional, sabedores das variadas interpretações, sem conhecimento de causa efetivo, que diariamente ouvimos pelas mídias diárias e sociais.

A referida PEC, nada mais é, do que anos de atraso de enfrentamento das mazelas institucionais e culturais que assolam nossa economia, e, consequentemente, a sociedade brasileira.

Essa Proposta objetiva, fundamentalmente, resgatar a ordem, o progresso e a cidadania nacionais, diante das necessidades e prioridades da economia brasileira como geradora de renda e benefícios sociais à população.

Importante não confundir o que essa Proposta estabelece no que seja piso e teto de gastos: sendo o primeiro as garantias constitucionais estabelecidas e consubstanciadas no orçamento da União, hoje, também, em revista; e o segundo, como sendo o limite para se alcançar o equilíbrio orçamentário necessário para dar novo dinamismo ao gasto e endividamento eficientes e sustentáveis por parte dos Governos.

Orçamento equilibrado significa, também, equilíbrio entre os poderes estabelecidos e os poderes de influência, o que cria expectativas e ambientes institucionais menos incertos e mais racionais, beneficiando, sem dúvida, nossas expectativas futuras.


Ernani Lúcio Pinto de Souza é Economista do Niepe/Fe/Ufmt e ms. em Planejamento do Desenvolvimento pela Anpec/Naea/Ufpa.(elpsouza@ufmt.br)

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