Lacerda prevê crescimento nulo em 2022 no Brasil

  • 28 de dezembro de 2021
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O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda, falou ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, na última quinta (23). A entrevista teve como pauta projeções para a economia em 2022, inflação, investimento e orçamento público. “Nós temos um quadro muito difícil para a economia brasileira e a minha projeção é de um crescimento nulo, ou seja, não teremos crescimento em 2022”, afirmou Lacerda no início do programa.

As elevações do desemprego e da inflação aliados ao menor nível de investimento da história e à elevada taxa de juros são os principais fatores para essa afirmação do economista. Segundo ele, tal cenário provoca uma desaceleração ainda mais forte e, portanto, não há vetores para a reação da economia. “As dívidas das pessoas, das empresas e do Estado estão muito caras, então você despende cada vez mais recursos para pagar dívidas e sobra, evidentemente, menos para investir e consumir”, explicou o presidente do Cofecon.

Segundo os jornalistas, a inflação em 2021 deve fechar acima de 10%, o que levou o Banco Central a subir ainda mais os juros. Lacerda foi, então, questionado sobre os efeitos da atuação do Banco Central no combate à inflação. O economista afirmou que, por conta da pandemia, do descasamento entre oferta e procura e do crescimento específico em alguns mercados, os preços das matérias primas têm subido. Há ainda, neste cenário, a desvalorização do Real e uma política cambial excessivamente passiva do Banco Central. “Esses fatores combinados fazem com que a inflação cresça e isso afeta, especialmente, as pessoas de baixa renda. Evidentemente, uma elevação da taxa de juros não vai combater diretamente esse tipo de inflação”, apontou o economista, e completou: “Você provoca uma recessão, propositalmente, para combater a inflação que não decorre do excesso de demanda, no caso brasileiro, a meu ver é um grande equívoco, um erro de política econômica significativo e que infelizmente todos nós estamos pagando e vamos pagar”.

O presidente do Cofecon falou ainda sobre investimento e orçamento público. Para ele, a sociedade ainda não pressiona os poderes executivo e legislativo em função de um compromisso maior com a necessidade de investimentos públicos. “Ao mesmo tempo que estamos investimento muito pouco, nós estamos vendo a aprovação do maior fundo eleitoral da nossa história e de um maior espaço para emendas parlamentares. Então estamos cortando aquilo que seria fundamental, porque o investimento público se justifica por si só e tem dois efeitos multiplicadores muito importantes: cada real que o Estado investe gera outros investimentos recorrentes no setor privado e um efeito de demonstração, porque o Estado investindo está induzindo outros investimentos paralelos do mercado privado nacional e internacional”, explicou Lacerda.

Para o economista, esse cenário é uma contradição que contrai o investimento público no Brasil. “Essa peça orçamentária aponta para a permanência de um deficit em 2022, e com pouca eficácia econômica, porque o conjunto de gastos está muito mal distribuído”, afirmou. Na entrevista, o presidente do Cofecon também comentou sobre a solicitação de fechamento da representação do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país. “É meramente simbólico, mas é uma péssima sinalização. Não faz o menor sentido você romper esse importante canal da representação do FMI no Brasil”, disse Lacerda, que alerta sobre a atenção demasiada em um “falso problema”, quando há outros que necessitam de mais atenção do Estado e da sociedade.

Confira a entrevista na íntegra clicando aqui. 

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