Em se tratando de juros, o céu não pode ser o limite

  • 5 de agosto de 2022
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O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, concedeu nesta quinta-feira (04) uma entrevista ao jornalista Heródoto Barbeiro, da rádio Nova Brasil FM, na qual comentou os impactos da elevação da taxa básica de juros. Nesta quarta-feira (03), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) promoveu um novo aumento (o décimo-segundo consecutivo), de meio ponto percentual, passando de 13,25% para 13,75% ao ano. 

Para o presidente do Cofecon, antes de elevar a taxa básica de juros, é preciso saber quais são as causas da inflação vivida pelo Brasil neste ano. “Criamos no Brasil uma ideia de que a inflação, independentemente das suas causas, se combate com elevação dos juros. É um grande equívoco, e não é um equívoco neutro, porque representa um ônus terrível para a sociedade”, questionou Lacerda. “A economia vai mal, o desemprego é muito elevado, as empresas estão quebrando, as famílias estão endividadas e muita gente passa fome. O aumento de juros agrava esta situação.” 

Desde o início do ciclo de elevação de juros iniciado no ano passado, a taxa Selic passou de 2% para 13,75% ao ano – um aumento de quase 12 pontos percentuais. “O Brasil é, de longe, o país que mais elevou sua taxa de juros nos últimos 12 meses. Veja, outros países estão elevando os juros, mas são elevações moderadas. Nos Estados Unidos, o aumento foi de pouco mais de um ponto percentual”, analisou o presidente do Cofecon. “No Brasil, com a elevação dos juros, o crédito fica proibitivo, isso inviabiliza as empresas, inviabiliza as pessoas e o próprio Estado brasileiro é onerado, porque cada ponto percentual a mais na Selic é um aumento do custo de financiamento da dívida pública.”

A inflação de 2022 não vem de um excesso de demanda, mas de um desequilíbrio nas cadeias internacionais de suprimentos, elevando os preços das commodities. E a inflação, argumentou Lacerda, se combate nas causas. “Temos o aumento nos grãos, no petróleo, na energia, e isso não tem nada a ver com o aumento da demanda, e sim com a pressão dos custos. Então, é preciso atuar para amenizar estes impactos”, pontuou o presidente do Cofecon. “A Petrobras anunciou lucros extraordinários que serão distribuídos aos seus acionistas, inclusive ao próprio governo federal. E por que estão ocorrendo? Porque virou um excelente negócio. Favorece a empresa, favorece os acionistas, mas é um ônus brutal para a sociedade. Da mesma forma, é preciso atuar sobre a formação de preços dos alimentos, com estoques reguladores de grãos para equilibrar a oferta, de modo a não gerar escassez. Por fim, mas, não menos importante a administração da taxa de câmbio, porque o real é a moeda mais volátil frente ao dólar.”

A entrevista pode ser assistida clicando aqui ou no player abaixo:

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