Lacerda, sobre déficit zero em 2024: “As paredes sabiam que não seria cumprido”

  • 30 de outubro de 2023
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Fala do conselheiro federal se deu na bancada do Jornal da Cultura, no qual ele comentou as notícias veiculadas na noite de 28 de outubro

O conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerca comentou no último sábado a repercussão da fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta fiscal para 2024. Em café da manhã com jornalistas na última sexta-feira (27), Lula disse que o governo faria o que fosse necessário para cumprir a meta de resultado primário, mas que ela não precisa ser zero. O presidente afirmou ainda que “às vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que sabe que não será cumprida”.

Lacerda esteve na bancada do Jornal da Cultura no último sábado (28), comentando as notícias veiculadas – inclusive a repercussão desta fala do presidente, vista como um comando para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada pelo governo. Ele afirmou não ver contradição entre a postura de Lula e a equipe econômica.

“A equipe econômica tem que fazer seu papel, que é controlar as contas públicas. O presidente foi eleito numa frente que tem compromissos, dentre eles o resgate da questão social e econômica”, analisou Lacerda. “É preciso compatibilizar algum controle das contas públicas, que é o papel da equipe econômica, embora ela também tenha esse papel do crescimento econômico. Não há, a meu ver, contradição nenhuma. E é claro que a decisão política cabe ao presidente da República”.

Em relação à meta de zerar o déficit para 2024, Lacerda afirmou que “até as paredes sabiam” que ela não seria cumprida. “O próprio boletim Focus já apresentava há muito tempo uma previsão de déficit de 0,8% do PIB previsto para 2024”, argumentou. “Nós, economistas, precisamos fazer projeções, mas a fragilidade delas é enorme, porque o crescimento, a inflação e o déficit público dependem de um encadeamento de fatores internos e externos, e está acontecendo muita coisa no mundo. O que ocorre é uma flexibilidade”.

O conselheiro federal também apontou uma incoerência em críticas vindas do chamado “centrão” com relação à meta para 2024. “Eles apoiaram Bolsonaro durante quatro anos, e ao longo deste período ele gerou um gasto de 800 bilhões de reais adicional ao teto de gastos. Então é, de certa forma, incoerente”, afirmou. “O melhor é realmente chegar a uma solução que contemple o equilíbrio fiscal, mas não rigidamente. Se tomarmos os países do G20, ou seja, a maior parcela do PIB global, todos, sem exceção são deficitários. E não é porque não controlam as contas públicas, mas pelos fatores que eu mencionava”.

A fala de Lacerda sobre a meta de resultado primário para 2024 pode ser assistida na íntegra no vídeo abaixo:

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