XXXII ENE – Fórum das Mulheres Economistas do Nordeste

  • 31 de maio de 2024
  • Sem categoria
  • 10

Participantes discutiram o empreendedorismo feminino, a economia do cuidado, a contribuição das mulheres para o pensamento econômico, a economia feminista e a contribuição do Sistema Cofecon/Corecons ao debate

O Fórum da Mulher Economista é um espaço de debates que vem ganhando cada vez mais importância dentro do Sistema Cofecon/Corecons. Durante a realização do XXXII Encontro de Entidades de Economistas do Nordeste foi realizado o Fórum da Mulher Economista do Nordeste, que contou com a participação de Angélica Costa, Poema Ísis, Ana Cláudia Arruda, Tania Cristina Teixeira e Teresinha de Jesus Ferreira da Silva. A atividade pode ser assistida clicando AQUI.

Angélica Costa, presidente da RC Ações Solidárias, trouxe ao debate o empreendedorismo feminino, que muitas vezes não é uma escolha. “A mulher empreendedora não entra no empreendedorismo porque nasceu para isso. Muitas vezes, ela é jogada no empreendedorismo porque não consegue trabalho no mercado formal, principalmente depois que tem o primeiro filho”, aponta Angélica. “Ela tenta, neste caminho, melhorar sua condição de vida, mas recebe uma sobrecarga que prejudica sua saúde mental. Ela é mãe, é empreendedora, é profissional e tem que dar conta de tudo”.

Poema Ísis, presidente do Corecon-PE, abordou a economia do cuidado. “As mulheres dedicam, em média, 21 horas semanais aos trabalhos de cuidado. É mais da metade da carga semanal de trabalho regular no Brasil. No Nordeste é pior: 24 horas. É a região em que as mulheres dedicam mais tempo de trabalho, muitas vezes não remunerado”, observou a economista. “E estas atividades não são contabilizadas no PIB, mas afetam o bem-estar de todo o país e representam um custo alto de oportunidade. As mulheres deixam de ocupar espaços simplesmente por desempenharem estas atividades. Isso se reflete nos cargos de liderança”.

A conselheira federal Ana Cláudia Arruda falou sobre a contribuição das mulheres ao pensamento econômico. “Em maio de 2019 a revista Sciences Humaines publicou um número especial sobre os cem maiores pensadores da economia desde Aristóteles. Apenas quatro mulheres apareciam na lista: Rosa Luxemburgo, Joan Robinson, Elinor Ostrom, que foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Economia, e Esther Duflo”, informou. “Mas se prestarmos atenção ao lugar das mulheres no pensamento econômico, constataremos que elas sempre estiveram presentes”, disse Ana Claudia, trazendo os nomes e o trabalho de várias outras economistas contemporâneas e históricas.

Tania Cristina Teixeira, também conselheira federal, abordou a economia feminista, que busca uma posição de igualdade entre homens e mulheres. “A economia do cuidado e a economia feminista caminham juntas para discutir o mesmo problema, que é a desigualdade de gênero”, argumentou Tania. A ex-presidente do Corecon-MG trouxe também uma questão prática da profissão de economista: “Temos um desafio: conseguir que mulheres que ocupam cargos de economista não sejam contratadas como analistas, enquanto os homens são contratados como economistas. Estamos vendo isso acontecer no sistema financeiro. Dizem que é por causa do contrato de trabalho, mas esta é uma visão de que o homem seria mais capaz no exercício da profissão e à mulher caberia o papel de analista, que tem função diferenciada e salário diferenciado”.

Teresinha de Jesus Ferreira da Silva, coordenadora da comissão Mulher Economista e Diversidade no Cofecon, ressaltou a importância dos espaços de debate. “Se já é difícil para as mulheres entender este processo e ocupar o papel que ela merece dentro do sistema econômico, quando levamos em conta a diversidade é muito mais difícil. O Cofecon não pode se ausentar, e é isso o que estamos fazendo na Comissão Mulher Economista e Diversidade”, comentou a conselheira federal. “Estamos buscando entender todo este processo e ampliar o debate. Temos no Sistema Cofecon/Corecons nove comissões de mulheres economistas que estão discutindo as políticas relativas a esta temática. Isso é pouco, por isso estamos aqui para debater e tentar ampliar nossa participação”, finalizou Teresinha.

Share this Post