Artigo – Desigualdade no DF
O aumento da desigualdade social tem sido um dos principais problemas do atual estágio de desenvolvimento do sistema capitalista. E ela se manifesta de diversas formas: desigualdade de renda, de formação escolar, de oportunidades de emprego, desigualdade espacial etc.
O estudo “Inequality in Brazil: a Regional Perspective”, elaborado pelos economistas Carlos Góes e Izabela Karpowitz para o FMI, com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2014, é mais um que revela aspectos importantes da desigualdade social e espacial em nosso país e confirma que a nossa Brasília detém o vergonhoso título de campeã nacional da desigualdade.
O estudo apura o rendimento médio dos 5% mais ricos de cada estado brasileiro, assim como o rendimento médio dos 5% mais pobres. O Distrito Federal é a unidade federativa onde é maior o rendimento médio per capita dos 5% mais ricos (R$ 12.900,00), seguido de longe por São Paulo (R$ 8.200,00). Já o rendimento médio per capita dos 5% mais pobres é de míseros R$ 151,00, ocupando apenas o 9º lugar.
Dessa forma, a diferença do rendimento médio per capita entre os 5% mais ricos (R$ 12.900,00) e os 5% mais pobres (R$ 151,00) em Brasília é de 85,4 vezes, a maior do país. A título de comparação, é quase o dobro da verificada em São Paulo (49,7 vezes, com valores de R$ 8.200,00 e R$ 165,00) e quase o quádruplo da verificada em Santa Catarina, o estado menos desigual do Brasil (24,8 vezes, com valores de R$ 6.400,00 e R$ 258,00).
Tais números evidenciam o que vem sendo recorrentemente repetido por entidades como o Corecon/DF e o Ibrase: que o Distrito Federal só perderá a condição de sociedade extremamente desigual quando efetivamente diversificar sua estrutura econômica, desenvolvendo segmentos mais dinâmicos dos setores industrial e de serviços e reduzindo sua enorme dependência do setor público. Fora disso, é pura embromação.
Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia