Artigo – Brasília em 2018
O ano de 2018 começa sem que saibamos o que exatamente nos aguarda. No plano nacional, a expectativa é de alguma melhora no cenário econômico, mas de piora nos indicadores sociais, seja pela restrição fiscal, seja pela opção do governo federal em jogar o ônus do ajuste fiscal na conta dos mais pobres.
Em Brasília, o cenário vai no mesmo diapasão, com o governo distrital fazendo um grande esforço buscando dispor de algum recurso para investimentos, especialmente em se tratando de ano de eleição. Mas certamente não será róseo o cenário econômico e social, como não tem sido nos últimos anos.
Basta uma análise imparcial (e não emocional) dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/DF) para enxergar a dura realidade. Em dezembro de 2014 o DF possuía 1.326 mil pessoas ocupadas e 163 mil desempregadas. Em novembro de 2017, praticamente 3 anos depois, o contingente ocupado aumentou para 1.333 mil (mais 7 mil postos de trabalho, aumento de 1%), ao passo que o número de desempregados saltou para 300 mil (aumento de 84%).
Nesse período, se o saldo foi positivo, deveu-se ao aumento de 56 mil ocupações do chamado trabalho precário: autônomos (mais 37 mil); doméstico (mais 13 mil) e sem carteira (mais 6 mil), pois houve queda nos assalariados com carteira (menos 9 mil), assalariados do setor público (menos 22 mil) e outras condições na ocupação (menos 18 mil). Se verificarmos a evolução do mercado de trabalho ao longo de 2017, o quadro é menos pior, mas nada alentador. E piora muito se incorporarmos os números referentes aos municípios goianos que integram nossa periferia metropolitana.
O fato é que Brasília permanece sem dispor de uma estratégia de desenvolvimento, perambula ao sabor das circunstâncias. A expectativa é de que, como 2018 é um ano eleitoral, a sociedade cobre das candidaturas o debate sobre um tema tão caro para o nosso futuro.
Júlio Miragaya – Conselheiro do COFECON, Presidente do IBRASE e da Associação Nacional das Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística – ANIPES