Artigo – Para além dos caminhoneiros

  • 1 de junho de 2018
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Por mais que eu tenha respeito, admiração e gratidão aos caminhoneiros, tendo em vista, que à época da minha pesquisa de dados primários sobre o setor madeireiro em Sinop-MT (estudo de dissertação de mestrado que hoje denomino de um clássico em desenvolvimento regional setorial), entre os meses de novembro e dezembro de 1997, em grande parte foi realizada graças às caronas por eles concedidas ao longo do perímetro urbano daquele município na BR-163, principalmente, no cansaço dos fins de tarde.

Isso tem a ver com as vistas grossas que se fazem por recursos solicitados para financiamento da educação superior, e quando as universidades federais fazem greves pontuais, a sociedade bate com os ombros.

Mas tudo bem, façamos as nossas parte. Hoje, especificamente, a UFMT possui um quadro qualificado de docentes e técnicos, o que certamente possibilitará, nos próximos 40 anos desta Universidade, grandes e relevantes projetos de pesquisas de abrangência social positivamente impactante.

A esse respeito, e retomando o âmago deste retalho econômico, vale dizer que a situação de dificuldade dos caminhoneiros remonta a 2013, com a alta já persistente do diesel. Acresça-se a esse custo primário, pedágio e financiamento do caminhão, dentre outros custos de manutenção. Fato é, que no frigir dos ovos, o ganho positivo (lucro) dos caminhoneiros sofreu uma escala de redução, dificultando seus compromissos e sobrevivência, apesar de que não conhecemos quais são essas margens de lucro por caminhoneiros.

Essa situação toda advém de intervencionismo exagerado sobre a economia, quando a gestão marxista pensava que dinheiro dava em árvore, por isso, acreditam não dar importância à economia, mas, sim, a decisões políticas ditas promotoras de inclusão social.

Não resta dúvida que pobreza é geradora de desigualdade. Todavia, como combatê-la sem dar importância à economia de mercado e seus fundamentos?

Estão aí as encrencas em que os caminhoneiros se encontram devido a um financiamento subsidiado (dinheiro do BNDES) como estímulo ao setor automotivo, em geral, porém, sem perspectivas de crescimento sustentado, aventado desde 2009, a fonte do dinheiro público sempre tem um fim.

Por isso, fundamental discutir essa problemática mais a fundo, pois sabemos que entra-ano-sai-ano tem dinheiro subsidiado para agropecuaristas, e estes estão com uma produção cada vez mais crescente, o que oportuniza trabalho para os serviços de fretes em todo território nacional.

Sem contradição com o início do texto, quero deixar claro que o aperto financeiro está para todo mundo, desta feita, parar o país não é uma justificativa aceitável e responsável.

Repensemos as propostas de reformas solicitadas pelo atual governo federal, inclusive, pelo governo do nosso estado, e, principalmente, reformas prioritárias que possibilitem clareza e aceitação popular, para que civilizadamente retomemos o leito da ordem, do progresso, da cidadania e do bem-estar junto as nossas famílias.


Ernani Lúcio Pinto de Souza, é economista do Niepe/Fe/Ufmt, ms. em planejamento do desenvovimento pela Anpec/Naea/Ufpa. Foi vice-presidente do Corecon-Mt.

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