Artigo – Desigualdade

  • 26 de julho de 2018
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Se há uma palavra que caracteriza o atual estágio da humanidade, essa palavra é desigualdade: social; de gênero; racial; espacial (entre as nações e entre as regiões dentro das nações); de oportunidades e por aí vai. Ela não é novidade, vem desde o surgimento das primeiras civilizações e sua organização em classes sociais, mas o fato é que vem se agravando ao longo dos tempos, a ponto de, segundo a ONG britânica Oxfam, as seis famílias mais ricas do planeta ostentarem riqueza equivalente a da metade mais pobre da humanidade (3,6 bilhões de pessoas).

Há no mundo, segundo a ONU, 647 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza (rendimento inferior a US$ 1,90/dia); 850 milhões de subnutridos; 2,1 bilhões sem acesso a água potável e 4,5 bilhões sem acesso a saneamento básico. Não faltam recursos para debelar tais mazelas, o que ocorre é que eles estão fortemente concentrados nas mãos de uma elite bilionária que os mantêm aplicados na especulação financeira com o intuito de ampliar sua riqueza.

O Brasil, infelizmente, está entre os dez países com maior grau de desigualdade. Assim como no resto do mundo, são diversos os mecanismos para que tais desequilíbrios existam e se aprofundem, mas reporto como um dos principais, senão o principal: a estrutura tributária, que faz com que os mais pobres paguem proporcionalmente mais impostos que os mais ricos.

E no quesito desigualdade, o nosso Distrito Federal tem o quadro mais grave entre as 27 Unidades Federativas. Nos tornamos, no curto espaço de seis décadas, a UF com o maior PIB per capita, mas também a de pior distribuição de renda do país, tanto em termos sociais quanto espaciais (o desnível entre o Lago Sul e o Sol Nascente é estarrecedor). Reduzir a desigualdade social deveria e deve ser a principal prioridade de qualquer governante no Brasil e no DF, e não há momento mais oportuno para esse debate do que agora.


Júlio Miragaya, vice-presidente da Associação dos Economistas da América Latina e Caribe

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