Presidente do Cofecon prestigiou o XXIII Enesul, realizado em Porto Alegre

O Conselho Regional de Economia do RS (Corecon-RS) promoveu, no dia 24 e 25 de agosto último, o XXIII Encontro dos Economistas da Região Sul do país (Enesul) e o II Encontro de Economia. O encontro, realizado no Teatro da PUCRS, em Porto Alegre, contou com a participação de economistas de renome no cenário nacional e internacional para abordarem temas como a agenda econômica do governo que assumirá o país em 2019, as economias dos três estados do sul, RS, SC e PR, políticas públicas, desenvolvimento econômico e a profissão do economista. 

O presidente do Corecon-RS, economista Rogério Vianna Tolfo, realizou a abertura do evento, agradecendo a presença do público e das entidades apoiadoras do evento. Disse que o Encontro é de grande relevância porque, além de reunir economistas de renome, “as condições econômicas do país e o cenário pré-eleitoral oferecem convite ao debate, o que, certamente, enriquecerá os conhecimentos de todos os presentes”, destacou.

Em seu pronunciamento, o presidente do Cofecon, economista Wellington Leonardo da Silva, agradeceu o convite para participar do Encontro e disse que não existe no Brasil um planejamento de desenvolvimento de longo prazo. Criticou a falta de interesse de alguns partidos políticos em promover debates sobre a economia nacional, assim como os projetos de candidatos à presidência da República. Citou livro elaborado pela Anfip e Fenafisco, inspirado nas discussões do Fórum Nacional pela Redução da Desigualdade Social – iniciativa coordenada pelo Cofecon-, sobre uma reforma tributária progressiva e disse que não apenas a reforma é fundamental para o Brasil, “mas o mais importante é sabermos que tipo de reforma tributária queremos para o país. A nossa carga tributária não é alta, mas é absolutamente injusta”, completou.

Logo após a abertura, houve o painel “Pauta Mínima para 2019”. O professor da PUCRS e vice-presidente do Corecon-RS, economista Bruno Caldas, falou da importância do tema proposto pelo Encontro, considerando a situação econômica pela qual está passando o país, “especialmente num momento em que os ânimos encontram-se mais acirrados, em função das eleições que se aproximam”. Apresentou, ainda, um vídeo do professor Samuel Pessôa, que explicou, direto do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a impossibilidade de seu comparecimento, em função do impedimento de pouso de seu avião em Porto Alegre, devido ao mau tempo naquele momento. 

O economista Sérgio Gobetti falou das dificuldades de se alcançar uma agenda de reformas na economia brasileira no curto prazo, em função da polarização de pensamentos e da radicalização política existente no país. Mesmo assim, acredita no sucesso de uma agenda de reformas necessárias e no diálogo sobre os objetivos comuns em torno dessas propostas. “Precisamos ter um balanço mais equilibrado, e de forma menos apaixonada, sobre os erros e acertos do passado recente e sobre as causas da atual crise”, disse. Para ele, essa agenda depende de “nós sabermos reintroduzir um mínimo de pactuação política e social para o país”. Por meio de gráficos, Gobetti apresentou diagnósticos sobre a evolução do salário mínimo, financiamento público, tributação, distribuição de renda, política fiscal e dívida pública. Ressaltou, ainda, a importância de um processo gradual de reformas da Previdência e de uma reforma tributária que avance na correção das distorções da tributação da renda e na ampliação da progressividade, “com a redefinição do modelo de tributação de lucros e dividendos e demais rendas do capital e do trabalho, através de um ajuste solidário, que não sacrifique apenas o andar de baixo da sociedade”.

A economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS, Patrícia Palermo apresentou uma análise sobre a crise por que vem passando a economia brasileira, que teve seu aprofundamento durante os anos de 2015 e 2016. “Foram oito trimestres consecutivos de queda da atividade econômica”, disse, lembrando que o cenário atual é marcado por uma retomada cíclica da economia, uma inflação controlada e uma forte incerteza de natureza política, “que contamina praticamente todas as decisões que se possa tomar dentro da nossa economia”. Apresentou uma análise do comportamento do PIB, do mercado de trabalho e do consumo das famílias nos últimos quatro trimestres, num cenário de juros baixos e inflação sob controle. Alertou sobre a necessidade urgente do enfrentamento à crise fiscal, com o crescimento da dívida pública, e da implementação das reformas, em especial a da Previdência. Concluiu abordando os impactos do câmbio, dos investimentos e do emprego no processo eleitoral brasileiro.

O XXIII Enesul reuniu docentes, acadêmicos, membros de instituições de pesquisas nacionais, além de representantes do Conselho Federal de Economia (Cofecon), e de representantes dos Corecons do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O evento teve o apoio do Cofecon, dos Corecons de Santa Catarina e do Paraná, da PUCRS e da Docile Alimentos. A próxima edição do evento será realizada no mês de outubro de 2019, na cidade de Florianópolis, oportunidade em que também acontecerá o Congresso Brasileiro de Economia (CBE).

Texto: Corecon-RS.

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