XXVI Since – Discurso do presidente do Cofecon
Confira, na íntegra, o discurso do presidente do Cofecon, Wellington Leonardo da Silva, na cerimônia de abertura do XXVI Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia (SINCE). A solenidade ocorreu na noite do dia 19 de setembro, na cidade de Porto Velho (RO).
“A realização deste XXVI SINCE em Rondônia é extremamente relevante diante da conjuntura política e econômica vivenciada por todos nós no Brasil. A programação elaborada pelos conselheiros do CORECON-RO e acompanhada com afinco pela Vice-presidenta do COFECON, Bianca Lopes de Andrade Rodrigues, teve a sabedoria de contemplar tanto as necessárias pautas referentes à formação e ao mercado de trabalho dos economistas e às vinculadas ao processo de aperfeiçoamento do Sistema COFECON/CORECONs quanto as discussões fundamentais pertinentes ao âmbito da Ciência Econômica, já a partir da palestra magna com que seremos brindados daqui há pouco, e pelo tema a ser debatido no Grupo de Trabalho 3 no dia de amanhã.
É bem verdade que outros CORECONs já haviam trilhado este caminho antes, mas considero importante registrar o fato e sublinhar a manutenção do Fórum da Mulher Economista, destinado a incorporar cada vez maior número delas às instâncias de direção dos nossos Conselhos, bem como conhecer suas realidades quando do exercício da profissão.
Temos importantes desafios sobre os quais precisamos oferecer alternativas. Eles estão vinculados a um cenário internacional adverso e muito alterado a partir da crise de 2008.
Todos nós certamente nos lembramos da crise do petróleo, cujo alcance foi mundial, mas especialmente grave para os países do terceiro mundo. A falência do sistema de financiamento imobiliário americano, lastreado em hipotecas, foi seu ponto de eclosão, porém sua origem remonta aos sistemas de derivativos espalhados pelos banqueiros e rentistas de todo o mundo, sem lastro em nenhum ativo palpável.
A crise contagiou toda a Europa e se espalhou pelo mundo em decorrência da financeirização excessiva da economia mundial. Atualmente bilhões de dólares, na forma de títulos estão em circulação pelo mundo sem estarem ancorados em riqueza real.
As políticas destinadas a reverter o quadro estão subordinadas, em países como o Brasil, aos interesses de falsas elites, as quais, em linhas gerais, se valem dos argumentos de que investimentos públicos são ineficientes, para se apropriarem da coisa pública e continuarem a auferir lucros indecentes. Logo, não são necessariamente os governos que atrapalham.
Nos países onde existam elites dignas deste nome, elas deveriam subordinar os governos, os bancos centrais, bancos privados e toda sorte de rentistas, aos interesses da sociedade.
Os níveis de desemprego continuam altos em vários países e isto é o que está por trás do fechamento de mercados como o dos EUA via substituição de importações, contra a China, que aprendeu a brincar de capitalismo de estado a partir dos anos 80/90, contra os países da União Europeia, mas também contra o Brasil.
Acredito que neste SINCE nossos debates serão capazes de produzir propostas para a reinserção soberana de nosso país no cenário internacional onde temos sido alvo, em vários países, de vexatórias reprimendas públicas acerca do comportamento dos ocupantes de cargos em nossos poderes judiciário, executivo, legislativo e nos tribunais de contas, os quais, também vem perdendo de forma crescente sua respeitabilidade perante o povo, em função de suas imperfeições gravíssimas.
Os economistas e a sociedade brasileira precisam discutir profunda e atentamente seus problemas políticos, econômicos e de representações para possibilitar a existência de um país mais justo, fraterno e democrático.
Se não politizarmos e equacionarmos a questão da desigualdade, sem entregar as riquezas nacionais a outras nações, não haverá futuro possível para nossos filhos e netos rumo à felicidade, pois eles farão parte da legião de 14 milhões de desempregados e de 25 milhões de desempregados.
Finalizando agradeço o empenho do Presidente do CORECON-RO, João Batista Almeida; do Vice-presidente, Francisco Regis Ximenes de Almeida; e da Vice-presidenta do COFECON, Bianca Lopes de Andrade Rodrigues, em nome dos quais também agradeço a presença das demais autoridades e de todos e todas neste evento”.