Artigo – Falsa democracia

  • 7 de abril de 2017
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Democracia é um regime político que significa, literalmente, o poder exercido pelo povo. Mas mesmo em Atenas, cidade-estado grega em que foi criada no século VI AC, ela já nascera torta, excluindo do exercício do poder as mulheres, os estrangeiros, os escravos e jovens menores de 21 anos, ou seja, cerca de 90% da população ateniense à época.

Do mesmo modo, a chamada democracia moderna, instituída a partir da Revolução de Independência Americana de 1776, também negava o exercício do poder à maioria de seus cidadãos, como os escravos e as mulheres. Aliás, restrições à participação política dos negros estiveram presentes na “democracia norte-americana” até a década de 1960.

Com a decadência do sistema feudal e o triunfo do sistema capitalista em escala mundial, passou a predominar na maioria dos países a chamada “democracia burguesa”, que, a partir de meados do século XX, teve como pilar central o voto universal, o que não era e nem é garantia de que o poder seja exercido pelo povo.

A grande aberração nas democracias burguesas, caso da brasileira, é a mais absoluta tutela exercida sobre os três poderes pelo poder econômico das grandes corporações, responsável pelo financiamento da maior parte das candidaturas no legislativo e pela farta distribuição de propinas para o atendimento de seus interesses.

A declaração de Emílio Odebrecht, presidente do Conselho Administrativo e pai de Marcelo, presidente do conglomerado, é categórica: “Desde a minha época, melhor ainda, desde a época de meu pai (Norberto Odebrecht, presidente do grupo no período da ditadura militar), sempre existiu ‘Caixa 2’, dávamos dinheiro para todos, por dentro e por fora”. O indiciamento de quase todo o ministério de Temer e a compra do silêncio do TCE/SP, via propina, no caso das obras do metrô no governo Alckmin, são exemplos de como funciona a democracia no Brasil.

Diante de tanta corrupção no governo do PMDB/PSDB, cabe a pergunta: onde estarão as camisetas amarelas, as panelas e o pato da Fiesp?


Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia.

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