Confira o discurso do presidente do Cofecon no Seminário em Defesa do Censo, Universidade e Democracia

O presidente do Conselho Federal de Economia, Wellington Leonardo da Silva, participou do Seminário em Defesa do Censo, Universidade e Democracia, realizado no dia 17 de junho no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. Na ocasião, o economista afirmou que o Cofecon estará ao lado de iniciativas que buscam fazer do Brasil uma nação desenvolvida, digna e não tão desigual e egoísta como é atualmente. Confira, abaixo, o discurso do presidente do Cofecon:

“Gostaria de informar que tanto o Conselho Federal de Economia quanto o Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), aqui representado pela vice-presidente Flávia Vinhaes, têm se empenhado em todos os debates da ordem do dia da política nacional, do atual governo e de seus despautérios. Nós não temos nos furtado de nos pronunciarmos em todos os fóruns sobre temas como reforma Trabalhista, reforma da Previdência, política econômica, o desmantelamento do estado brasileiro e a abertura para ceder inclusive território nacional.

Tudo isso é de uma indignidade e de uma falta de patriotismo ímpar e nós não podemos conciliar com esse tipo de coisa. Daí a importância que nós damos a eventos desse tipo, organizados pela sociedade civil, nesse período de trevas, cinismo, incompetência e ataques ao mundo do conhecimento, da cultura, dos direitos trabalhistas, da livre associação sindical, da economia e da soberania nacional por parte do presidente da República e de seus ministros.

Eles agem de forma a nos dar a impressão de que padecem de uma patologia que lhes impede de andar e pensar ao mesmo tempo. Porém, não nos iludamos, eles estão o tempo todo cumprindo as ordens de seus mandantes: os banqueiros, os maus empresários e os grandes rentistas deste País, cujos compromissos com o Brasil, sua soberania, seu povo e a possível construção de um Estado Democrático de Direito são absolutamente nulos. Eles todos sabem muito bem o que estão fazendo e sua intenção é colocar de joelhos o nosso País e o nosso povo frente aos ianques e entregar-lhes, em troca das moedas que se possam encontrar na mais pobre das bacias das almas, nossas riquezas naturais e parte de nosso território.

Todas as suas ações são premeditadas. A reforma Trabalhista buscou e conseguiu submeter o mundo do trabalho ao do capital, com regras que tangenciam a condição de semiescravos. Os quase 45 milhões de trabalhadores desempregados, desalentados ou subempregados buscam sobreviver em condições cada vez mais sub-humanas.

No campo da cultura e do conhecimento, as intenções são absolutamente óbvias: ao garrotear financeiramente as instituições públicas de ensino de nível básico, profissionalizante e superior, o objetivo é impedir o acesso dos mais pobres ao conhecimento e à cultura, pois são fontes de informação que lhes descortinariam as verdades sociais e econômicas vigentes neste País e em muitos outros.

Ao executar atentados financeiros para inviabilizar os centros de pesquisa e excelência construídos pelos brasileiros, a intenção tem o mesmo caráter: submeter-nos aos ditames das produções científicas e intelectuais de nações estrangeiras, dependendo de quem esteja com o controle delas, por meio da abertura irresponsável de nosso mercado interno, desde o mais básico nível de consumo até aos de mais alta complexidade, sem nenhuma contrapartida capaz de nos fazer trilhar a rota do desenvolvimento.

Há alguns economistas que lhes fornecem suporte técnico, é verdade, ao afirmar ser este o caminho obrigatório a ser percorrido para o País voltar a crescer. Estes filhos de Chicago quase nunca se referem ao desenvolvimento e agridem os economistas que sobre isto formulam. A razão é também óbvia: quando um país opta pelo desenvolvimento ele também está dizendo não ao papel de nação subalterna a quem quer que seja. Isto não interessa aos banqueiros, aos rentistas, aos maus empresários e aos políticos que lhes prestam vassalagem, pois impede obtenção das vantagens típicas de suas atividades básicas, quais sejam: as de agiotas, corsários e exploradores de mão de obra semiescrava.

Talvez alguns dos presentes já estejam a indagar: “Onde este economista quer chegar? O que isso tudo tem a ver com o corte financeiro aplicado ao Censo 2020? O que isso tem a ver com a redução do número de perguntas de seu questionário, em especial de questões de caráter socioeconômico? O que tem a ver com os ataques feitos à credibilidade da instituição e à competência técnica de seus quadros, reconhecidas por vários países mundo afora? E a proposital redução do número de profissionais do IBGE, aproveitando-se até do número de aposentadorias em vias de serem efetivadas?”. Ora, tem tudo a ver. Os profissionais do IBGE produzem informação e conhecimento sobre a realidade econômica, política e social existente neste País. Estão convencidos, os atuais governantes e seus mandantes, que é imperioso impedir que esse tipo de conhecimento e de informação sejam de domínio público, para diminuir questionamentos e cobranças sociopolíticas com base em dados técnicos que espelhem a realidade.

O que se quer é esconder a realidade brasileira para que não se possa pleitear ou tentar desenvolver políticas públicas que atendam aos interesses da sociedade, em especial dos excluídos e desvalidos.

O Conselho Federal de Economia se posiciona ao lado daqueles que querem construir e fazer do Brasil uma nação desenvolvida, decente, digna, e não tão desigual e egoísta como ele é hoje em dia. Tanto o IBGE quanto todos os outros movimentos que surgirem para questionar o desmonte deste país enquanto nação soberana contarão com nosso apoio e nossa presença. Muito obrigado!

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