“Não saímos da crise, mas conseguimos parar de piorar”, afirma conselheiro
“Perspectivas para a economia em 2020” foi o tema da edição de outubro do Economia em Pauta, ocorrido no dia 15 de outubro último, na Sede do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), em Porto Alegre. Numa promoção do Corecon-RS, em parceria com o BRDE, a palestra foi proferida pelo economista Lauro Chaves Neto, conselheiro do Cofecon e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Graduado em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), MBA em Contabilidade e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), Mestre em Administração pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e PHD em Desenvolvimento Regional e Planejamento Territorial pela Universidade de Barcelona, Lauro Chaves Neto tem 30 anos de atuação em Estratégia e Finanças nas áreas pública e privada. Foi presidente do Corecon-CE e do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças. Atualmente é conselheiro do Conselho Federal de Economia, professor da UECE e Consultor.
O Economia em Pauta foi aberto pelo superintendente da Agência RS do BRDE e ex-conselheiro do Corecon-RS, economista Luciano Feltrin, que agradeceu o Conselho por mais esta parceria e falou da importância do assunto para o momento que passa a economia brasileira.
Lauro Chaves Neto iniciou sua apresentação abordando conceitos de cenários e de políticas fiscal, monetária, cambial e de rendas. Citou variáveis que considera importante para o cenário econômico, como taxa de crescimento do PIB, inflação, desemprego, câmbio, tributação, entre outras, e a importância da atualização das informações para a elaboração desse contexto. Apresentou gráficos sobre a evolução do PIB brasileiro nos últimos 100 anos, em que se constata que apenas durante os anos do chamado Milagre Econômico o país conseguiu conquistar um PIB médio anual superior a 10%, com vários ciclos de 5% ao ano depois desse período, até o ano de 1980, quando não conseguiu mais repetir esses índices. Demonstrou que o comportamento do PIB per capita, 1945 a 1980, teve uma média de crescimento anual de 4,4%, caindo para uma média anual de 0,8% até os anos atuais. “De 1980 para cá o Brasil não andou, parou no tempo e perdeu o compasso de sua economia”, afirmou, classificando a crise de 2014 a 2017 como “a pior crise da história republicana do Brasil”, com a perda média de 3% ao ano do PIB, por três anos consecutivos. Disse que depois que saiu da crise, o Brasil de hoje está patinando, com um crescimento pífio. “Não saímos da crise, mas conseguimos parar de piorar”, complementou.
O professor da UECE comparou, através de gráficos, o crescimento da economia brasileira com a de países em desenvolvimento, puxados por China, Índia e Coreia do Sul, e disse que “tudo que ganhamos dos anos 50 para cá, perdemos a partir dos anos 80, e a um preço muito caro, que são miséria, desemprego e perda de produtividade”. Disse que reduzir a pobreza é uma questão política e que, para isso, o País tem que recuperar investimento, o que será muito difícil antes de 10 ou 20 anos em função da situação das finanças públicas e da falta de capacidade de investimento do Estado. “Temos que reduzir a relação dívida pública/PIB reduzindo os gastos. Se não conseguirmos aumentar a produtividade da economia brasileira, não iremos a lugar algum”, completou.
O economista afirmou, ainda, que acredita na aprovação da reforma da Previdência, mas prevê problemas na passagem da reforma tributária pelo Congresso, em função da falta de um pacto federativo que atenda aos diferentes interesses da União, de Estados e municípios. Finalizou, ressaltando a importância da capacidade de empreendedorismo das pessoas como forma de absorver parte dos 12 milhões de desempregados que não serão recontratados pelas empresas quando a economia voltar a crescer aos patamares anteriores à crise.
Também estiveram presentes nesta edição do Economia em Pauta o presidente do Corecon-RS, economista Rogério Tolfo, o ex-presidente Lauro Renck, o conselheiro federal Henri Bejzman e os ex-conselheiros do Corecon-RS, economistas Leandro Hoerlle e Vladimir da Costa Alves.
O Economia em Pauta tem o apoio de Águas Mineral Sarandi.
Fonte: Corecon-RS