Agenda de Desenvolvimento para o Nordeste: como avançar e integrar a modernização

  • 4 de novembro de 2022
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“Nós só vamos avançar quando aceitarmos que somos um país que precisa avançar muito e temos capacidade para isso”. As palavras da conselheira federal Ana Claudia Arruda Laprovitera descrevem o debate sobre “Propostas para construção de uma Agenda de Desenvolvimento para o Nordeste”. Dando continuidade aos painéis temáticos, a programação do XXVII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia (SINCE) também contou com a participação de Francisco Nunes de Almeida, presidente do Corecon-PB; Reinaldo Dantas Sampaio, vice-presidente do Corecon-BA; e Lauro Chaves Neto, conselheiro federal. 

Os economistas ressaltaram a importância de superar o subdesenvolvimento, dar continuidade aos projetos no Nordeste, como duplicação de rodovias, turismo criativo e investir na economia do mar, além da promoção de um Farol de Desenvolvimento da Paraíba para manter um diálogo com a sociedade civil e poder público. 

Superar o subdesenvolvimento 

A conselheira federal Ana Claudia Arruda comparou as participações do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste no Produto Interno Bruto (PIB) do país em dois anos: 1980 e 2017. “O Nordeste avança de 12,05% a 14,49%, com isso nossa participação no PIB nacional cresceu pouco do ponto de vista relativo”. 

Ana Claudia também pontuou que a Constituição Federal de 1988 é muito importante para a região Nordeste, pois insere políticas de inspiração celsiana. “O Nordeste se transforma, traz mudanças significativas, modernização das cidades e as massas salariais começam a circular”, explicou. “Porém, as desigualdades persistem.” 

Ela reforçou que o Brasil é um país subdesenvolvido, mesmo as regiões mais ricas como o Sul. “Nós somos um país de renda média e pobre do ponto de vista social. Ainda não superamos o subdesenvolvimento. O Nordeste é uma região subdesenvolvida dentro de um país subdesenvolvido”, destacou. 

Para ela, algumas das alternativas para a agenda de desenvolvimento são dar continuidade a projetos no transporte e no turismo, manter uma política fiscal voltada para industrialização e executar investimentos produtivos. Ela concluiu a exposição dizendo que “é preciso romper o ciclo vicioso do subdesenvolvimento, não só do Nordeste, mas do Brasil como um todo”. 

Farol de Desenvolvimento 

De maneira prática, Francisco Nunes, presidente do Corecon-PB, explicou a criação do Farol de Desenvolvimento da Paraíba. A iniciativa é um movimento de lideranças, empresários, representantes de quatro universidades, do Corecon, do CREA, da OAB e do Fórum Celso Furtado para apresentar 10 pilares de desenvolvimento com estratégias e ações ao poder executivo. 

“Como o movimento é novo, apresentamos há duas semanas aos candidatos ao governo da Paraíba as nossas expectativas, que esse Farol pode ser um colaborador permanente nas formulações das políticas de governo e que estamos propondo um diálogo”, afirmou. 

Alguns dos pilares são melhoria do ambiente de negócios, marketing institucional da Paraíba, eficiência da gestão pública e funding. Segundo Francisco, “conceber, propor e monitorar a execução de estratégias e ações que possam impactar positivamente o desenvolvimento da Paraíba” é a missão do Farol de Desenvolvimento. 

Geografia da fome 

Reinaldo Dantas Sampaio, vice-presidente do Corecon-BA, começou sua fala dizendo que a questão do semiárido no Nordeste deixou de ser um problema natural, mas com conhecimento e técnica se tornou político. “O enfrentamento da seca do Nordeste não é um problema de enfrentar a natureza, é um problema de vontade política para superar os seus desafios”, pontuou.  

Para ele, alguns pontos precisam ser superados, como as famílias que não sobrevivem dos produtos da terra. Além disso, 46% da população nordestina vive em insegurança alimentar. Reinaldo cita o livro A Geografia da Fome, de Josué de Castro, que afirma que metade da população brasileira não dorme porque tem fome e a outra metade não dorme com medo dos que têm fome. “A dimensão do nosso desafio é gigantesca”, reforçou o economista.  

“Há 70 anos, a renda per capita dos estados nordestinos está invariavelmente situada na metade da renda per capita brasileira, que, por sua vez, perdeu posição relativa entre as nações industrializadas e emergentes. Nós não saímos do lugar”, disse.  

Reinaldo acredita que, a exemplo da Europa e dos Estados Unidos, é preciso se reerguer com a capacitação dos trabalhadores. O Nordeste precisa ser protagonista no processo de reprodução do capital. “O trabalho humano é o principal fator de geração de riqueza de qualquer sociedade”, argumentou. “É preciso tornar produtivo esse enorme contingente humano que está fora das práticas modernas de produção e tem ficado mais distanciado devido às tecnologias.” 

 Para assistir ao painel, acesse:

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