Artigo – Ambiente: da turbulência para a turboviolência
Ao longo da história o ambiente tem se caracterizado por mudanças e até turbulências. Porém, com diferentes perfis e intensidades predominantes em cada época bem como com ampliação da complexidade.
Até 1930 a característica era a “Repetição”. De 1930 a 1950 caracterizou-se a “Expansão”. De 1950 a 1970 o destaque foi para a “Mudança”. Já de 1970 a 1990, o perfil foi a “Descontinuidade” e, daí em diante, destaca-se a “Surpresa”.
O Século XXI agrega a “Insatisfação e violência”, tendo como marco a “Explosão das Torres Gêmeas”.
O somatório da discrepância entre o aumento populacional e o crescimento e distribuição da renda, bem como o aumento do mercado de drogas, está conduzindo o mundo à violência. Daí a nova personagem: Turboviolência.
Por enquanto, essa Turboviolência está ocorrendo, embora de forma crescente mas localizada em múltiplas regiões, ainda não atingindo a amplitude dos países. Mas isto não implica desconsiderar o risco de contágio e destruição.
O número crescente de consumidores e droga no mundo e o peso do interesse econômico dos produtores e traficantes está dirigindo essa prática à crescente preocupação da sociedade.
Então, porque não solucionar? Porque não é fácil.
Mas, por ser difícil, a busca da solução não deve ser abandonada nem desintegrada.
O primeiro passo é cada país tomar consciência da gravidade e unificar os diversos níveis de poder – local, regional, nacional – em busca de soluções eficazes.
O segundo passo é estruturar equipes capacitadas e confiáveis para identificar e desmontar os grupos envolvidos no mercado (produção, tráfico e consumo) de drogas. Se não houver consumidores, também não haverá vendedores.
O terceiro passo é, em cada região ou núcleo de mercado, identificar os envolvidos (produtores, traficantes e dependentes) e tomar as ações corretivas.
Os dependentes devem ser tratados para a superação do vício. Já, os ofertantes (produtores e traficantes) devem ser tratados como criminosos, inclusive com seus bens e recursos expropriados. É uma tarefa difícil mas valiosa e necessária.
Além das medidas integradas, envolvendo o País, os Estados e os municípios, com o esforço da sociedade, já que o tráfico transcende as fronteiras nacionais, é preciso um esforço integrado entre os países, com foco nas fronteiras.
Por mais que o tráfico seja rentável, sua ação devastadora supera os outros benefícios, já que está deteriorando a vida das pessoas e colocando em risco a sociedade.
A tarefa corretiva é um brutal desafio. Mas, se praticado, os benefícios serão incalculáveis.
Para o sucesso dessa missão, cada cidadão poderá contribuir. Cada pessoa salvada torna-se “uma campeã”, vencedora de desafios.
Evidentemente os problemas do mundo não são só as drogas. Outros como a diferença do poder aquisitivo (renda), segurança, capacitação/educação e a agregação familiar também são fatores importantes.
Desigualdade de renda sempre houve e sempre haverá, mas adequada ações estratégicas poderão, no médio e longo prazo, contribuir para a redução. Nessas ações a inteligência Geopolítica e Geoestratégica precisa ser praticada, para preservar os recursos naturais também para as gerações futuras.
A concentração dos esforços para reduzir a desigualdade é um fator importante mas que precisa do esforço de cada cidadão. “Não existe almoço grátis”.
Humberto Dalsasso – Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.