Ana Claudia Arruda: é preciso recuperar a capacidade do Estado
A conselheira federal Ana Claudia Arruda foi ouvida pela rádio CBN Recife, no programa Conversa das 15, para fazer um balanço da economia brasileira em 2022. No momento em que o país vive uma mudança de governo, a conselheira destacou a necessidade de recuperar a capacidade do Estado planejador.
“O governo que assume em 2023 tem como principal estratégia a retomada do crescimento econômico para enfrentar as disparidades sociais. Este é o principal desafio”, avaliou a economista. “O principal papel do interlocutor do próximo governo é desfazer todo o espaço de confrontação social em busca do crescimento econômico tão desejado numa economia de tanto potencial como é a brasileira. Mas inicialmente temos que enfrentar as mazelas do nosso país, assolado pela miséria e fome”.
Questionada se há otimismo para 2023, Ana Claudia destacou que se abre um ambiente de diálogo, com mais participação. “Temos aí o ministério do Planejamento do futuro para enfrentar os problemas da pobreza e da miséria, algo que não estava na pauta do governo anterior”, pontuou. “O Brasil tem as taxas de juros mais elevadas do mundo, isso freia os investimentos produtivos e o emprego, promovendo uma drenagem de recursos para os detentores do capital e da dívida pública”.
Na área econômica o governo Lula deverá ser marcado por uma forte presença do Estado, apontou a conselheira federal. “O Brasil voltou ao mapa da fome. O que significa isso? A orientação pela lógica de que o mercado por si só resolve. Sabemos que não é só o mercado, a presença do Estado planejador está no mundo todo”, argumentou Ana Claudia. “Os governos de Lula tiveram uma presença forte do Estado e esta é a proposta, trabalhando em conjunto com o mercado para alavancar este processo de desenvolvimento”.
Por fim, Ana Claudia também abordou os desafios ligados à industrialização. “Só poderemos nos integrar a este ambiente competitivo internacional com a presença do Estado planejador e empreendedor. Onde está a política industrial? Não temos”, questionou. “Estamos vivendo uma desindustrialização desde os anos 90. Agora tendemos a retomar isso, mas é preciso recuperar a capacidade do Estado”.
A entrevista pode ser escutada clicando AQUI.