Artigo – 84 anos de fundação do Sindicato dos Economistas no estado de São Paulo
Às 21h30 do dia 11/01/1935, uma sexta-feira, aproveitando reunião que se destinava a preparar as solenidades de formatura da primeira turma do curso de graduação em Ciências Econômicas de São Paulo, os 34 Bacharéis pioneiros em solo paulista resolveram criar uma entidade, especialmente voltada para a coesão dos economistas, a investigação científica, a luta pela regulamentação profissional, a defesa dos direitos da classe, a obtenção de “justas regalias” e a colaboração com os poderes públicos, em especial no que se referia aos assuntos tratados no capítulo “Ordem Econômica e Social” da Constituição de 1934, então recém promulgada.
E que nome dar a essa entidade? Um dos principais objetivos dos 34 fundadores é que ela viesse a representar a categoria dos Bacharéis em Ciências Econômicas, o que, como ainda é hoje, só pode ser feito por um sindicato. Mas não era possível nomeá-la, de pronto, como Sindicato, pois para tanto era necessária a outorga das autoridades do Estado de São Paulo. Então, escolheram seu nome: Ordem dos Economistas de São Paulo.
Pouco mais de quatro meses após, em 27/05/1935, a autorização para representar os Bacharéis chegou, e a entidade passou chamar-se Sindicato Ordem dos Economistas de São Paulo. Com a Carta Sindical concedida em 26/09/1941, passou a chamar-se Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo. A atual Ordem dos Economistas do Brasil só foi fundada em 11/01/1947, com o nome de Ordem dos Economistas de São Paulo.
Como instituição mais antiga dos economistas no Brasil, o SINDECON-SP passou seus primeiros anos divulgando a Ciência Econômica e o papel relevante que poderiam ter para o país os economistas.
Um primeiro fato pitoresco foi o programa de rádio que o Sindicato tinha, no final da década de 30 do século passado. Sendo o mais eficaz meio de comunicação de massa – como o é até hoje – o rádio serviu para que os diretores explicassem à população os assuntos de natureza econômica e financeira, em linguagem simples.
Outra iniciativa relevante foi a instituição do primeiro índice de preços fora do Rio de Janeiro, que hoje é o IPC-FIPE. A diretoria do SINDECON-SP, em 1939, distribuiu 2 mil cadernetas de consumo às mercearias em que as famílias dos lixeiros compravam “fiado” e coletaram, mês a mês, a variação de preços das mercadorias.
Dessa iniciativa surgiu a terceira: nosso Sindicato esteve na linha de frente da instituição do salário mínimo digno. Como havia sido constatado que a renda dos lixeiros – classe então mais desvalorizada entre todas – era insuficiente para sustentar suas famílias, foi criada uma cesta de consumo e apurado o seu custo, para fixação de um salário mínimo.
Nas décadas seguintes, o Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo nunca deixou de compor, em conjunto com outras entidades, o quadro de liderança que permitiu a industrialização nacional, a ampliação do crédito, a preservação e o aproveitamento das riquezas naturais do país, as grandes lutas da nacionalidade brasileira.
Mas, agora, estamos louvando os 34 que decidiram criar a entidade que hoje é nossa. Sem aqueles que começam, não há continuidade. Sem aqueles que continuam, o ideal dos fundadores morre.
Então, todos nós, economistas de São Paulo, que fazemos parte do quadro associativo – temos associados com mais de 70 anos de filiação ainda vivos – estamos de parabéns, como também aqueles que nos antecederam e lutaram, todos os dias, para construir uma entidade digna, ética e que luta incessantemente pela valorização profissional da nossa categoria e pelo engrandecimento do Brasil.
São Paulo, 11 de janeiro de 2019
Pedro Afonso Gomes – Presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo