Artigo – “A nova, mas não tão nova assim, economia das startups”

Tem sido um grande desafio compreender os movimentos promovidos pela “nova economia” das startups, não só pela velocidade como as transformações estão acontecendo, mas também pela renovação dos conceitos tradicionais.

A economia mudou e impactou nosso cotidiano de forma significativa. Nosso instinto de adaptação está em alerta e tudo parece confuso nesse momento. É como se estivéssemos, bem no meio da passagem no tempo de um mundo analógico para o digital. Mas, como bem observaria Darwin, nosso poder de adaptação nos faz diferente de qualquer espécie que já pisou nesse planeta. Um dos atalhos para aproveitar as oportunidades trazidas por essa “nova economia” das startups é entender que nada se cria, tudo se transforma (nada que o Lavoisier já tenha falado há mais de 200 anos). Muito do que se discute hoje tem um “quê” de Déjà vu. Déjá vu aqui em um sentido clássico e teórico do conceito, afinal a maioria desses “novos” entendimentos são conceitos-base da teoria econômica revestidos por um véu de modernidade adaptativa.

Em 1480, um jovem italiano, possivelmente pertencente à geração Z de sua época, tentava vender uma ideia fantástica e disruptiva: conquistar novos mercados. Na cabeça dele, a ideia iria virar uma grande startup, só precisava convencer grandes investidores do seu projeto. Inicialmente, ninguém quis bancá-lo, achavam essa ideia de conquistar novos mercados estapafúrdia. Não se tinha muitas informações se, realmente, esses mercados existiam, e até mesmo senão existia um precipício no horizonte. O jovem foi insistente, como todo bom empreendedor deve ser, procurou investidores italianos, portugueses, até chegar aos que viabilizariam esse negócio: nobres espanhóis. Seriam eles seus investidores-anjo. O empreendedor não precisou provar seu plano de negócios (não tinha como), mas, pelo menos, precisou de um bom discurso para convencer seus patrocinadores, como diríamos hoje, um pitch vencedor. Esse jovem da história é Cristóvão Colombo e os anjos, os reis da Espanha. O final da história, todos sabem. Colombo descobriu a América em 12 de outubro de 1492 e abriu o caminho para uma série de navegações e conquistas do mundo ocidental.

Atualmente, essa mesma história contemporânea, pode ser usada para entender, por exemplo, o Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX. Musk quer mudar o mundo, ele quer colonizar Marte, nada diferente, do que o Colombo quis fazer (e fez).

Esse “novo mundo” de negócios que temos atualmente não tem nada de novo. Mudam as palavras, os neologismos, os exemplos, mas a essência dos conceitos econômicos e de negócios continua a mesma. Se há algo novo, podemos apontar a velocidade com que as revoluções ou mudanças acontecem e o contexto do avanço tecnológico. O resto segue igual. Empreendedores querem vender suas ideias, financiadores querem retorno dos seus investimentos e consumidores querem resolver seus problemas ou necessidades.

Muitas definições utilizadas pela nova economia surgem agora nos noticiários econômicos como se fossem novidade. Por exemplo, o conceito de economia de escala, que hoje fundamenta a rota de valor criada pelas startups e que justifica a velocidade de seu crescimento é entendido como exponenciabilidade. O que vemos nas startups é que elas são capazes de entregar o mesmo produto numa escala potencialmente ilimitada e exponencial, ou seja, o novo produto entregue custou menos do que anterior, e em alguns casos esse custo de uma nova unidade vendida pode estar próximo de zero – pense aqui em um novo usuário do Facebook e quanto ele agrega de custos para a empresa do Mark Zuckerberg.

Na teoria econômica, em especial na microeconomia, estuda-se esse movimento através do conceito de custo marginal. Em um sistema capaz de produzir economia de escala, o custo marginal será decrescente. Quanto menor, mais deve-se produzir e ganhar escala. David Ricardo já falava disso no século XIX, apesar da economia, nesse tempo, ser sustentada pela agricultura e pouco pelo comércio.

O termo escalabilidade virou moda no mundo das startups, algo que precisa ser alcançado para que um modelo de negócios fique sustentável. É fundamental que todo empreendedor esteja atento para a busca das economias de escala. Precisa sim, sempre buscar o ponto ótimo para construir a melhor rota de valor para essas novas companhias, mas ele tem que saber que nada disso é novo, apenas tudo acontece numa velocidade incrivelmente alta com uso da tecnologia.

Por outro lado, atualmente as empresas ligadas à “nova economia” discutem o conceito de MVP para seus produtos ou serviços. MVP é a sigla de Minimum Viable Product e significa produto mínimo viável. Lançar um MVP não é mais do que ofertar um produto ou serviço com o mínimo de custos possíveis para que ele possa ser testado e validado pelo mercado, ou seja, significa atingir a fórmula antiga de viabilidade de produção que já era ensinada pelos economistas neoclássicos no século XIX. Se a esse raciocínio inserimos o conceito de valor agregado, que significa na capacidade de somar valor de uso e de utilidade no produto ou serviço, conseguimos descrever qual é a procura atual das empresas num mercado cada vez mais volátil e incerto. Definitivamente, nada novo conceitualmente.

Disrupção é o conceito usado para descrever mudanças estruturais em sistemas econômicos e mercados. É, por exemplo, o que o Uber, Spotify, Airbnb causaram nos seus respectivos mercados. “Disruptar” até virou verbo moderno. Se trocarmos disrupção por destruição criadora, não teríamos nenhuma alteração na estrutura do conceito. A diferença é que o economista austríaco Joseph Schumpeter, já discutia isso em 1942 no seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia. Schumpeter precisamente apontava a necessidade de inovação para entender ciclos econômicos e novas fases do capitalismo.

Porém, já imaginou o que falaram os habitantes da Inglaterra em 1750 quando a mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, para os transportes, para a agricultura e para outros setores da economia?

Imagine qual foi a reação da economia ao analisar o impacto dos diversos inventos que revolucionaram as técnicas de produção e alteraram o sistema de poder econômico. Naquele tempo, a fonte de riqueza deslocou-se da atividade comercial para a industrial. Quem desenvolvesse a capacidade de produzir mercadorias passaria a ter a liderança econômica no mundo. Algo parecido com o que está acontecendo atualmente na economia com as empresas inovadoras detentoras de tecnologias disruptivas, que é onde o capital e a riqueza está se concentrando.

Se é para analisar os impactos das inovações na humanidade, um invento que talvez tenha tido mais influência criadora sobre a humanidade, inclusive, mais que a própria internet, foi o descobrimento da prensa tipográfica por parte do Johannes Gutenberg em 1400. Gutenberg desenvolveu um sistema mecânico de tipos móveis que deu início à Revolução da Imprensa, e que é amplamente considerado o invento mais importante do segundo milênio. O invento de Gutemberg teve um papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, Reforma e na Revolução Científica e lançou as bases materiais para a moderna economia baseada no conhecimento e a disseminação em massa da aprendizagem. Imagine como era antes dessa invenção. Só algumas pessoas, as que sabiam ler e os nobres tinham acesso aos livros eram os detentores de saberes. O conhecimento era monopólio de poucos, a população, eminentemente analfabeta, não tinha acesso ao conhecimento. O impacto do tipo móvel de impressão propiciou a irradiação do saber, impulsionou a alfabetização e permitiu com que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento. Uma disrupção total sem precedentes. Guardada as devidas proporções, algo parecido com a descoberta do fogo ou da roda. Portanto, disrupção não é nada novo, ela sempre acompanhou a evolução da humanidade. Inclusive, a evolução depende da destruição criadora.

Ao mesmo tempo em que se fala em disrupção, há uma novidade sim que caracteriza a maioria dessas empresas inovadoras: a falta de lucro em curto prazo. Buscando conquistar a maior fatia do mercado possível, sonhando com o monopólio – no melhor estilo “the winner takes all” – Uber, Spotify, Netflix, dentre outras, só têm apresentado resultados negativos nos últimos anos, contradizendo assim o princípio-base do capitalismo: o lucro. Queimam caixa para ganhar mercados.

Segundo o balanço do terceiro trimestre, a Uber “queimou” US$ 543 mil a cada hora em 2019. O prejuízo foi de US$ 1,16 bilhão. Projeções mostram que em 2019, a empresa deve acumular perdas de US$ 8 bilhões.

Para explicar essa ação, cunhou-se a definição “queimar caixa” para explicar como essas empresas, patrocinadas por grandes capitais de investimento (Private Equity & Venture Capital), não se importam, no curto prazo, em bancar empresas que gastam mais do que ganham, sempre e quando a perspectiva seja conquistar novos mercados. Sob um olhar da teoria neoclássica, pode-se dizer que a firma está gastando e investindo o que tem até virar monopólio ou formar um oligopólio e ter para si um mercado dependente do seus produtos ou serviços. Perceba que essa interpretação não é nova, ela foi formulada no século XIX.

Por outro lado, se você perguntar para um humilde motorista de Uber se ele sabe que a empresa não tem lucro, ele, com certeza, dirá que não acredita nisso. Ele afirmará que lhe é cobrado 25% por cada corrida e que, dificilmente, essa porcentagem dá de sobra para dar lucro à empresa. Possivelmente esse pensamento seja verdadeiro, mas em longo prazo. Por ora, a empresa gasta mais do que ganha. Esses gastos são em investimentos de novos projetos de transporte de pessoas com carros autônomos ou drones para entrega de comida; gasta-se consideravelmente em promoções e formas de aquisição de clientes, sem contar os processos trabalhistas ou de acuso de assédio de alguns dos seus motoristas. Soma-se a essa montanha de dinheiro gasto, os investimentos em expansão territorial, além dos recursos dispendidos ao desenvolvimento da tecnologia do aplicativo, principal recurso da empresa que une motoristas a usuários pelo mundo. Tudo isso pode ser complementado pelos gastos com lobby político para tentar impedir a rejeição dessa modalidade disruptiva nos países. Todo esse investimento talvez não volte na sua totalidade, muita coisa será perdida. A teoria econômica entende isso como custos perdidos ou sunk costs, novidade? Nada disso, esse conceito data de 1960 com os estudos de Arkes, H.R.

Da outra ponta do sistema temos um consumidor cada vez mais acostumado a uma economia onde, a maior parte dos serviços usados, são oferecidos de forma gratuita (quanto se paga diretamente para usar o Whatsapp?), inicialmente, ou subsidiada (vide o valor do km rodado cobrado pelo Uber). Não há conta que feche positiva. As grandes empresas oferecem cupons, serviços bancados na espera de conquistar mercados e nós consumidores estamos ficando cada vez mais relutantes a pagar por serviços tecnológicos. É nesse mundo que as relações econômicas estão sendo pautadas, afetando, de alguma forma, pequenos empreendedores que são obrigados a oferecer seus produtos e serviços de “graça” ou “quase de graça”. Portanto, um empreendedor, se quiser emplacar seu produto ou serviço, terá de oferecê-lo de graça ou deverá contar com um patrocinador que acredite que, no futuro, sua empresa decolará e lhe renderá altos lucros. Pode parecer serviço público, mas no fundo nada é de graça, como diria o célebre economista Milton Friedman, no seu livro There’s No Such Thing as a Free Lunch de 1975, embora essa frase tenha aparecido nos Estados Unidos entre 1930 e 1940. O termo faz referência a uma prática comum entre bares americanos do século XIX, que ofereciam uma refeição sem “nenhum custo” sempre e quando os clientes consumissem bebidas. A maioria das empresas que oferece “almoço de graça”, principalmente, na área de serviços, na realidade pratica a estratégia de venda identificada como Freemium, em que uma parte do serviço é gratuito, mas o usuário tem de “pagar” ouvindo ou assistindo anúncios comerciais. Para quem não quiser nada disso, há o plano pago, que o livra de toda essa propaganda e dá direito a serviços mais personalizados. Por isso é denominado Freemium: uma parte é de graça (Free) e a outra parte é paga (Premium). Por exemplo, a maioria dos usuários do Spotify não paga nada, a empresa se sustenta pelos aportes dos capitais de investimentos, os quais apostam que a empresa se consolide no futuro e gere lucros.

Mas engana-se quem acredite que o mercado ficou mais benevolente com prejuízos e não goste mais de lucros. Os investimentos feitos por grandes capitais são de longo prazo, mas esse prazo já está expirando para as empresas mais valorizadas da atualidade. Um exemplo disso pode ser visto em 2019 com o caso da empresa Wework. A Wework é uma empresa imobiliária americana que fornece espaços de trabalho compartilhados (coworkings) para empresas do setor tecnológico e de serviços, dentre outras. Foi fundada em 2010 pelo israelense Adam Neumann e o americano Miguel McKelvey. Sua sede é em Nova Iorque e em 2018 já geria 4,33 milhões de metros quadrados. Após alcançar uma valorização de quase USD 47 bilhões, inclusive com o aporte de um dos maiores investidores do mundo, o SoftBank, a companhia entrou em uma espiral de perdas significativas de valor que, inclusive impossibilitaram/desanimaram a sua abertura de capital na bolsa americana em 2019 e iniciou uma onda de demissões da boa parte da sua força de trabalho. A companhia atualmente está avaliada em USD 8 bilhões (perdeu quase 40 bilhões de dólares de valor), depois de ter sido “salva” por um aporte de emergência do SoftBank. Ao que tudo indica, a ideia de negócios não oferece uma boa perspectiva de lucros futuros e o mercado se deu conta. Ao que tudo indica, nada novo, a teoria dos ciclos econômicos está aí para explicar esse vaivém de valor. O mercado não é nada mais que uma convenção de agentes com racionalidade limitada que quando se unem formam certezas de valor. Está nos livros dos clássicos da economia, desde Adam Smith, até na moderna abordagem do Yuval Harari nos seus livros top sellers Sapiens e Homodeus.

Da mesma forma, esses mesmos agentes ilimitados podem não ter complacência com prejuízos e perdas que neguem a essência do capitalismo. Há outros exemplos que podem ser citados de empresas promissoras que, de líderes de mercado, sumiram ou foram vendidas por preços ínfimos como o Yahoo, outrora, quase único buscador de informações da internet no início da década de 2000 e a Theranos, empresa da área da saúde que prometia realizar diagnósticos avançados dos seus pacientes, coletando algumas gotas de sangue. No caso da Theranos nada daquilo que se prometia se cumpria, não havia inovação e a solução estava próxima da fraude. A empresa e a sua  fundadora e CEO, Elizabeth Holmes, quem chegou a ser considerada “a próxima Steve Jobs”, foram expelidas do mercado.

Ou seja, mesmo em tempos de apostas longas, por parte do capital, o princípio elementar de lucro, ainda é “sagrado”, apesar de muitos acreditarem no mundo de serviços gratuitos.

Ainda podemos decifrar esses “novos” conceitos e confrontá-los com os que a teoria econômica já mostra, levaria um livro para fazer isso. Nosso ponto aqui é que ninguém está inventando a roda, só precisamos entender do que estamos falando.

Acreditamos que quanto mais empreendedores engajados, novas soluções serão criadas, mais valor será construído, e toda economia se beneficiará positivamente. E para que mais iniciativas surjam, o entendimento de todas as possibilidades econômicas se torna crucial para o ecossistema. Isso precisa ser um chamado para que os economistas consigam traduzir seus conceitos para a aplicação prática dos empreendedores e, ao mesmo tempo, os criadores e gestores de startups consigam entender e usufruir do que há de melhor na teoria econômica. É possível continuar explicando, por exemplo, de divisão do trabalho, do Adam Smith, mas em lugar de falar da fabrica de alfinetes, por que não usar como exemplo a fabrica da indústria automotiva Tesla?  Em ambos os exemplos, os conceitos-base, são os mesmos. Essa é a grandeza da teoria econômica.

O economista, por formação, tem a capacidade de analisar todos esses novos acontecimentos e adaptar a teoria nesses movimentos tidos como novidade. O que há é uma mudança de condicionantes tecnológicos e de relações econômicas, mas nada que altere os princípios básicos da teoria econômica.

Enquanto se fala no futuro das profissões e no surgimento de muitas que “ainda não existem”, é possível entender o mundo a partir das ideias “novas dos economistas mortos”.

Por tudo isso, acreditamos no papel vital do economista como intermediador deste momento histórico.

 

Léo Jianoti, economista, investidor-anjo e conselheiro de empresas.

Leonardo é economista, investidor-anjo e conselheiro de empresas. Formado em economia pela UFPR, com mestrado em bioenergia tb pela UFPR e formação executiva em Management by Value pela Columbia University/EUA, Leonardo possui 15 anos de experiência em projetos de estratégia econômica desenvolvidos por todas as Américas e África. Suas experiências estão concentradas em avaliações econômicas, valoração de empresas (valuation) e gestão de novos negócios. Depois de anos assessorando famílias investidoras (family offices) em diferentes setores, se tornou investidor anjo, apoiando financeiramente startups em seus desafios de desenvolvimento. É co-fundador da Curitiba Angels, foi investidor-anjo em 11 startups, incluindo Contabilizei, James Delivery, Phosfato e Troco Simples, entre outras, e atua como conselheiro de empresas contribuindo na transição para a nova economia.  

 

Hugo E. Meza, economista, Professor e Fundador da Amauta – Economia Criativa.

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1993), mestrado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (1999) e doutorado em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (2007). Tem experiência na área de Economia, atuando principalmente nos seguintes temas: Macroeconomia, empreendedorismo, Inovação e Criatividade.
Atua com educação à distância desde 2000. Implantou projetos de EAD e cria soluções tecnológicas para essa área. Foi Diretor Geral de instituição de ensino superior. É professor de Pós graduação da Universidade Positivo na área de negócios. É professor convidado do Google para avaliar projetos de empreendedorismo social e do Google for Education. É um dos três representantes da Prezi Educators Society. Paralelamente, também desenvolve atividades como avaliador ad hoc do ensino superior para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação e é associado da empresa de Economia Criativa Amauta. É explorador de caminhos e trilhas e é o Experience Planner do Caminho a Machu Picchu. Criador do site www.econovida.com.br dedicado a entender a vida desde uma perspectiva econômica. O site aborda várias nuances da economia como finanças pessoais, economia criativa, Análise de mercado e economia empírica. Faz parte da rede de professores da Apple (Apple Teacher).

Share this Post