Artigo – De olhos no futuro

Os números recentes do Banco Central dão conta de que as economias brasileira e capixaba estão melhores. O Índice de Atividade Econômica, chamado “PIB do Bacen”, mostra que a produção de riquezas no país atingiu crescimento de 0,3% até julho. O Espírito Santo já se expandiu 1,5% no mesmo período.

A onda de otimismo tem surpreendido analistas em todo país. O mercado financeiro já vinha sinalizando menor contágio da crise política. Mas agora a situação também é melhor no setor real. As projeções de crescimento têm sido sucessivamente elevadas. Há potencial de crescimento do PIB nacional de 0,8% este ano e de 1,8% da economia capixaba.

É fato que vai levar mais algum tempo para a população sentir a melhora, por conta da lentidão da resposta do desemprego. São necessários pelo menos 170 mil novos postos de trabalho para os capixabas voltarem àquela condição de pleno emprego antecedente à crise. É um número expressivo, já que corresponde à população de Linhares.

Nota-se certo ceticismo quanto à sustentabilidade dessa retomada: não seria mero “voo de galinha”? Pelo menos até 2018 é esperado crescimento nacional de 2,2%. É claro que a mudança no cenário político pode interferir muito nas projeções futuras. É difícil precisar.

A verdade é que estamos sem munições, como FGTS, ou espaço fiscal para subsídios ou políticas contracíclicas. Nesse sentido é desejável a resposta do investimento produtivo, que se encontra muito deprimido desde o início da crise.

A inflação, juro mais baixo e liquidez internacional podem ajudar no curtíssimo prazo. Mas não dá para contar com isso por muito tempo. Por isso é relevante a agenda de reformas estruturais, que abram espaço ampliar a produtividade.

É importante corrigir as disfunções das finanças públicas, com redução gradativa do peso de despesas pessoal para ampliação do investimento público. É urgente simplificar e rever a distribuição do ônus tributário no país. A melhoria do ambiente de negócios passa por regras mais simples de tributação.

Há que se olhar o presente, mas sem perder foco nas metas de futuro. Pois o planejamento estratégico proposto pelos capixabas há uma década foi de alcançarmos renda média anual de R$ 64 mil por habitante até 2025. Isso significa que é necessário crescer em ritmo de economia chinesa nos próximos oito anos (9% por ano) para atingir esse objetivo, sem se esquecer dos 150 mil capixabas que se encontram em condição de extrema pobreza. São grandes desafios para o futuro que desejamos!

 

Eduardo Araujo – Vice-presidente do Conselho Regional de Economia do ES (Corecon-ES)

 

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