Artigo – Democracia X Fascismo

  • 3 de abril de 2018
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O STF decidiu ontem o futuro do Brasil: seguir a Constituição Federal ou o Estado de exceção. A CF pode ter equívocos, mas enquanto ela não for mudada, vale o Artigo 5º: “ninguém será preso senão em flagrante delito” e “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

O Brasil vive um momento decisivo. Estudo do IPEA que mereceu manchete de ontem do Jornal de Brasília: “Emprego pode até sair, mas com salário menor” é coerente com pesquisa do IBGE, que revelou terem sido gerados 1,7 milhão de empregos nos últimos 12 meses. A rigor, foram gerados 1,95 milhão de empregos precários (assalariados sem carteira, autônomos e domésticos), mas os empregos formais foram 250 mil a menos. De outro lado, aumentou para 13,1 milhões o número de desempregados. O que ocorre no mercado de trabalho explica a volta do aumento da concentração da renda e riqueza nos dois últimos anos, fruto da crise econômica, mas, sobretudo, das políticas adotadas pelo governo Temer.

O aumento da desigualdade e da pobreza tem sido o caldo de cultura do agravamento da intolerância social e política, marcadas pelo assassinato de Marielle Franco e do ataque a tiros contra a comitiva do ex-presidente Lula. Acusá-lo de incitar a violência ao fazer o discurso do “nós e eles” é risível, pois este apenas reflete a divisão da sociedade em classes.

Dizer que há interesses antagônicos entre patrões e assalariados, entre latifundiários e sem-terra, é dizer o óbvio. Estranho é dizer que não há, como faziam Hitler e Mussolini, para quem não havia classes sociais, apenas alemães e italianos. É hipocrisia um grande empresário pagar R$ 954,00 a um trabalhador e ainda esperar que este lhe seja eternamente grato pelo salário de fome oferecido.

Quem prega o ódio e pratica a violência são as milícias e os bandos fascistas, como o MBL, financiados por grandes empresários e ruralistas, como ficou evidenciado no Sul. Cabe aos democratas repudiar a escalada fascista.


JÚLIO MIRAGAYA, conselheiro do Conselheiro Federal de Economia, foi presidente da autarquia em 2016/17

Artigo publicado na edição de 05/04/2018 do Jornal de Brasília

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