Artigo – Nem direita, nem esquerda volver
1964 e 1985 marcaram regimes políticos distintos no Brasil. Todavia, a indefinição e/ou confusão a respeito da unidade e identidade brasileiras como Nação remonta à Independência, em 1822.
Todo o período do Império foi marcado pela busca da unidade e formação da identidade brasileiras, consubstanciado na Monarquia, a partir de um processo cultural e político instável.
Vem a República (Velha), na tentativa de romper com os resquícios dinásticos, elevando novos símbolos e heróis nacionais, fortalecidos pelo republicanismo e o positivismo estampados em nossa bandeira com o lema Ordem e Progresso. Aliás, o ex-Presidente Vargas, não hesitou em participar da Aliança de Nações em defesa da democracia.
Daí em diante, o Nacionalismo de Estado busca, também, incutir no ideário popular o espírito de Nação una e independente; livre e democrática, porém, interrompida por um período de conflito ideológico em torno das reformas de base de João Goulart.
Curiosamente, o período de penumbra positivista efetivou as reformas de base, principalmente, em torno da reforma agrária, além de proporcionar a democracia, a partir da anistia política e eleições diretas.
Após vinte anos de regime político ditatorial (quando os que apoiavam-na foram rotulados de direita; e os que não, de esquerda), com alternância de poder entre os presidentes-generais, a democracia brasileira foi reconquistada com seu regimento jurídico-legal – Constituição de 1988 – que volta a ser exercida com o poder emanado pelo povo, quando, este, organizado e esclarecido politicamente.
Nesse processo histórico-dialético, onde aparência se confunde com essência, cultura, política e educação hão de avançar além dos interesses imediatos.
Esquerda e direita em suas truculências dialéticas possuem em comum o interesse pelo poder do Estado, entretanto, têm ojeriza das propostas de privatizações de estatais de características privadas e cortes de subsídios privilegiados, respectivamente.
Esse será o enfrentamento necessário nos embates que precedem as campanhas políticas atuais, enfatizando, ainda, a estabilidade inclusiva, o nacionalismo tácito e a abertura soberana e segura através do desenvolvimento científico-tecnológico.
Em suma e na essência: até onde a dialética sem essência vai nos afundar? Partidos com aparência de partido não garantem candidatos com essência político-ideológica genuína que fortaleçam pratica e pragmaticamente a Nação.
Portanto, nem direita e nem esquerda mesquinhas e acomodadas volver, e esse vácuo há de ser superado, assim como se pretendeu desde o Plano Real, quando uma moeda nacional forte deu orgulho, poder de compra e relativo bem-estar a seu povo.
A ordem importa, pois, possibilita resultados coletivos eficientes; o caos foi apenas uma desordem (im)pensada pela Natureza Superior. Analogamente, assim como num conserto sinfônico a ordem impera, numa banda de rock ela é implícita, mas, existe.
Sempre na regra.
Ernani Lúcio Pinto de Souza, 56, é economista do Niepe/Fe/Ufmt e ms. em planejamento do desenvolvimento pela Anpec/Naea/Ufmt. Foi vice-presidente do Corecon-Mt. Escreve suas reflexões de maneira pessoal.(elpsouza@ufmt.br)