Artigo: Os riscos da inflação

  • 13 de dezembro de 2021
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O processo inflacionário atual, tanto no Brasil como mundo afora, tem sido tratado, pelas autoridades monetárias e pela maior parte dos analistas econômicos, como um fenômeno transitório. Defendem que os preços dos serviços tendem a recuar após o consumo reprimido ser saciado, choques de oferta, como a desestruturação das cadeias produtivas e de logística, alta das commodities, especialmente alimentos e petróleo, entre outros.

A sociedade brasileira está sentindo no bolso os efeitos da inflação, EUA, Alemanha, Japão e até a China são outros exemplos de países afetados por esse fenômeno que toma proporções globais. Se o comportamento ascendente da inflação se tornar persistente e não transitório, estariam as autoridades monetárias e fiscais dispostas a usarem as ferramentas necessárias e na intensidade adequada?

Se os agentes econômicos mantiverem as expectativas de que a inflação continuará com comportamento crescente e persistente, as suas decisões serão afetadas. Aqueles que se encontram fora do mercado de trabalho passarão a aceitar oportunidades de subempregos, as famílias que conseguiram manter as suas rendas vão antecipar o consumo de bens essenciais para fugir da elevação dos preços, as empresas vão antecipar reajustes para tentar defender as suas já achatadas margens e investidores fugirão de ativos nominais.

Antigamente, os Banco Centrais tinham o papel principal, e as vezes quase único, de zelar pela estabilidade na economia, hoje, a exemplo do Banco Central Europeu, existem outros objetivos como os relativos a mudança climática, a sustentabilidade e as desigualdades no mercado de trabalho. O controle do processo inflacionário tenderá a ter mais sucesso quanto maior for a credibilidade das autoridades monetárias e fiscal, a estabilidade obtida após o Plano Real foi condição necessária, porém não suficiente, para o ciclo de desenvolvimento que o Brasil teve nos 16 anos de FHC e de Lula. Várias políticas públicas foram exitosas, no entanto, se tivéssemos permanecido em um cenário de inflação elevada, com períodos de hiperinflação, provavelmente os resultados teriam sido outros.

Lauro Chaves Neto é conselheiro federal do Cofecon. Artigo publicado originalmente no jornal O Povo.

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