Artigo – Planejando a aposentadoria
Terminar o mês com sobras de dinheiro continua sendo um grande desafio para a maior parte dos brasileiros. Segundo levantamentos do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apenas 16% dos consumidores brasileiros conseguiram poupar parte da renda no início de 2018. Os principais motivos alegados para esse fraco desempenho foram a renda extremante baixa que eles recebem, a ocorrência de situações imprevistas e a ausência de renda disponível.
A pesquisa também demonstra que a dificuldade de poupar não é uma exclusividade das classes mais baixas. Somente 36% dos consumidores com rendimentos compatíveis com as classes A e B conseguiram guardar dinheiro em fevereiro. Nas classes C, D e E, o percentual de poupadores ficou em torno de 11%.
Diante desse cenário de grande dificuldade das famílias em poupar podemos imaginar que encontrar pessoas que conseguem fazer um planejamento para a aposentadoria deve ser bastante difícil. Foi exatamente isso que apresentou a recente pesquisa do SPC Brasil e da CNDL: de cada 10 brasileiros, apenas dois se preparam para aposentadoria. E o orçamento apertado é a justificativa da maioria das pessoas que não conseguem se planejar.
Mas, embora seja difícil, é fundamental para qualquer pessoa que comece a pensar no planejamento da aposentadoria o mais cedo possível. Ainda mais com as iniciativas do governo em mudar as regras e os critérios para se aposentar, a tendência é que fique cada vez mais difícil manter o mesmo padrão de vida quando deixarmos de exercer uma atividade laboral.
Uma das primeiras medidas que as famílias podem tomar para iniciar o planejamento é buscar alternativas para aumentar a renda. Encontrar alguma habilidade e transformá-la em renda extra, através de atividades artesanais, pintura de tecidos, entre outras, podem ser bons exemplos.
O próximo passo seria fazer uma reserva de uma parte da renda mensal, podendo começar com 5% da renda e com o passar do tempo esse percentual poderia aumentar de acordo com a capacidade orçamentária de cada um. Em seguida, ajustar o orçamento para que o valor poupado não desequilibre as finanças da família, reduzindo alguma despesa ou renunciando o consumo no curto prazo para consumir no futuro.
A escolha de um bom plano de previdência privada pode ser uma boa opção para executar o projeto de planejamento da aposentadoria. Nesses planos é possível escolher o valor da contribuição mensal e a periodicidade que ela será feita. Esses valores irão formar um montante corrigido que proporcionará o recebimento de um recurso durante um período definido previamente ou até mesmo de forma vitalícia. Ajudando a complementar o benefício recebido pelo sistema previdenciário público ao qual todo trabalhador tem direito (INSS). Esta é apenas uma das modalidades de planos oferecida pelo mercado.
Sendo essa a forma definida para aplicar os recursos, as pessoas devem buscar informações sobre as instituições credenciadas junto a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), observar as taxas cobradas e buscar um plano compatível com seu orçamento e que atenda aos seus objetivos.
Ricardo Paixão – Presidente do Conselho Regional de Economia do ES (Corecon-ES)