Artigo – Recuperação econômica cada vez mais longe
As previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2019 de 2 a 2,5%, feitas no final de 2018 por grande parte dos economistas, são a cada mês revisadas para baixo. Analistas projetam crescimento de apenas 1% para o presente ano, segundo o Boletim Focus de 10 de junho, após 15 semanas de quedas consecutivas chega-se à menor previsão já feita até agora.
Em 2018, a renda por habitante estava 8,1% abaixo do nível de 2014, com uma projeção de crescimento de 1% em 2019 serão três anos consecutivos de renda per capita estável, o que faria dessa a mais lenta das retomadas econômicas no Brasil.
Se o PIB crescer 2% ao ano a partir de 2020, a renda per capita voltaria ao pico de antes da recessão em 2026 (13 anos depois). Sandroni define a depressão como “a fase do ciclo econômico em que a produção entra em declínio, com perdas nos lucros e no poder aquisitivo da população”, já Pastore ressalta “a estagnação da renda per capita”. Por ambos os conceitos o Brasil oscila entre a recessão e, mais grave, a depressão.
Medidas de estímulo ao consumo possuem apenas um efeito de curto prazo; não se vislumbra uma variação nos investimentos privados dada a capacidade ociosa da economia; na indústria, em particular, de forma mais profunda. A alternativa poderia ser através de investimentos em infraestrutura, a ser realizada por concessão devido a Política de Ajuste Fiscal. Outra possibilidade seria um novo ciclo de reduções das taxas de juros, hoje condicionado, no discurso oficial, à aprovação das reformas tributária e da Previdência.
As causas de tamanho pessimismo já eram conhecidas desde o ano passado como, por exemplo, a crise fiscal, a queda do ritmo da economia mundial, a crise argentina e a incerteza política que nos acompanha desde as eleições de 2014. Para a economia brasileira sair do marasmo, é preciso alimentar as expectativas da sociedade, motivar empreendedores, investidores e consumidores, ou seja, fazer a roda girar.