Artigo – Revolução Russa
Há 100 anos, em 25 de outubro de 1917 (pelo antigo Calendário Juliano ou 7 de novembro pelo Calendário Gregoriano), ocorreu a Revolução Russa, a mais marcante das revoluções sociais que o mundo presenciou. Imortalizada na obra “Dez dias que abalaram o mundo” do jornalista norte-americano John Reed, os acontecimentos daqueles tempos viriam a marcar profundamente a humanidade.
Extremamente controversa, a Revolução Russa gerou paixões e ódios ao redor do planeta até os dias atuais, mas o fato é que colocou na ordem do dia alternativas reais para duas questões da maior importância para a economia mundial: como se pode dar a organização do processo produtivo assim como a distribuição da renda e da riqueza por ele gerada.
A experiência soviética foi a primeira na história da humanidade na qual a classe trabalhadora assumiu o controle político, de fato, de uma nação e, ao desfraldar a bandeira da igualdade social, empolgou milhões de pessoas ao redor do mundo. De outro lado, ao implementar a planificação econômica, além de ter elevado uma nação atrasada e semifeudal à condição de 2ª maior nação industrial do planeta, questionou diretamente a economia de mercado, que viveria a imensa crise de 1929/33, provocando forte impacto no próprio sistema capitalista mundial e levando diversos governos burgueses, especialmente na Europa, a fazerem concessões à classe trabalhadora, implantando o chamado “Welfare State”.
A experiência provocou forte resistência, com a intervenção de 15 nações e uma guerra civil que perdurou até 1922, levando a União Soviética a um forte isolamento. Já em 1924, aproveitando-se deste isolamento e da enfermidade e posterior morte de Lênin, os setores mais atrasados do Partido Bolchevique, comandados por Stalin, assumiram o controle da nação e iniciaram uma terrível desfiguração do projeto político original de 1917, começando por liquidar com a democracia operária instituída. O restante do enredo é por demais conhecido.
Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia