Artigo – Viabilidade

  • 30 de maio de 2019
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Palavra muito utilizada no cotidiano das pessoas, mas pouco efetivada no cotidiano dos negócios. Preciso viabilizar meu empréstimo, preciso viabilizar uma rede de esgoto, preciso viabilizar a cirurgia, preciso viabilizar uma fonte de energia, preciso viabilizar minha viagem, preciso viabilizar minha pescaria (convencer a dona patroa…), etc.

Mas, afinal, qual o sentido da viabilidade?

Pelo ângulo econômico, o estudo de viabilidade econômica objetiva coletar e processar informações a respeito de ampliação, renovação ou novas oportunidade de investimentos para análises de sua futura lucratividade (retorno do capital investido) e rentabilidade (período de retorno do capital investido).

Bom dizer que isso tudo tem a ver com o capital privado, pois, o setor público não precisa viabilizar nada, bastando apenas atender a necessidade de uma pessoa que seja (Ótimo Pareteano) quando da implantação de uma obra ou serviço, porém, desde que efetuado sob a visão do gasto eficiente, tendo como suporte a análise do benefício/custo.

Entretanto, um estudo de viabilidade não aborda somente aspectos econômicos, mas, sim, os aspectos técnicos e tecnológicos de um futuro empreendimento.

Aspectos técnicos envolvem as considerações referentes a seleção entre os diversos potenciais para esta ou aquela atividade, processos de produção, engenharia do projeto, arranjo físico dos equipamentos, mão-de-obra, matéria-prima e outros fatores.

Quanto aos aspectos tecnológicos, de nada adiantará avançar num projeto de investimento caso não se tenha conhecimento da tecnologia a ser utilizada no processo produtivo ou ciclo operacional do investimento sem a devida tecnologia madura ou em processo acelerado e avançado do seu desenvolvimento.

Os exemplos críticos são muitos pelo Brasil a fora. No caso específico de Mato Grosso, na história dos grandes projetos na Amazônia, recordemo-nos da clássica e ousada fábrica de óleo de babaçu em Várzea Grande, na famosa Matoveg S/A, quando não se conhecia a melhor tecnologia para quebrar o coco de babaçu em alta escala.

Assim, técnica e tecnologia são condicionantes e determinantes para o alcance da viabilidade econômica nas tomadas de decisões investivas.

É por isso que estudiosos da temática viabilidade têm afirmado que estudo de viabilidade difere de projeto de financiamento para o atendimento de exigências de bancos financiadores, tendo em vista que o estudo é muito mais detalhado e complexo que um projeto de financiamento.

Para os dias atuais ainda existe a questão ambiental, porém, num estudo de viabilidade, além do estudo de mercado, engenharia do projeto, dentre outros, há que se preocupar com a localização do empreendimento e seus resíduos, sendo que estes últimos poderão ser vendáveis ou não, podendo proporcionar mais uma receita para a empresa.

É por isso que, prudência ecológica será um defensivo para o caos ambiental, em vista de que os novos investimentos, ampliação ou sua renovação são geradores de economias externas e deseconomias exeternas, porém, não há necessidade, sem dúvida, de viabilidade ambiental, mas, sim, dos estudos de impactos ambientais e dos relatórios de impactos ambientais (EIA/RIMA), conforme estabelecido e exigido constitucionalmente.

Em síntese, viabilidade econômica importa porque tudo tem um custo, contudo, antes que estejamos todos mortos no longo prazo, incontestável que teremos que respeitar os limites do crescimento, a partir das complexidades econômica, social, política e ambiental-ecológica, num mundo fragmentado e desigual, que, talvez, em busca de um mundo global sustentável.

Ernani Lúcio Pinto de Souza, 56, cuiabano, economista do NIEPE/FE/UFMT e mestre em planejamento do desenvolvimento pela ANPEC/NAEA/UFPA. Foi vice-presidente do CORECON-MT (elpsouza@ufmt.br)

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