Assessor de Ciro diz que juro não pode ser único instrumento para atacar inflação

  • 16 de setembro de 2022
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Matéria publicada originalmente na revista Dinheiro Rural, sobre as propostas apresentadas durante o Seminário de Assessores Econômicos dos Presidenciáveis 2022, realizado pelo Cofecon, Corecon-DF e Fórum pela Redução da Desigualdade Social, em 15 de setembro. 

O assessor da campanha do candidato Ciro Gomes (PDT), Nelson Marconi, defendeu há pouco que o juro não seja a única ferramenta disponível ou usada pelo governo para baixar a inflação. Principalmente, de acordo com ele, quando se trata de uma alta de preços conduzida pela pressão de oferta. “Não se pode atacar a inflação com apenas um instrumento”, disse, durante Seminário de Assessores Econômicos dos Presidenciáveis 2022, que ocorre em Brasília.

Entre as alternativas à taxa básica, segundo o economista, estão a política de preço da Petrobras, mudança na matriz energética e a retomada de estoques reguladores de alimentos, que, conforme ele, foram desmontados nos últimos. “Claro que o juro é importante, mas não pode ser só ele.”

No evento, o assessor também enfatizou que a campanha de Ciro também é muito preocupada com o rigor fiscal. “Está aí o exemplo do Ceará. Vamos continuar com essa preocupação muito forte”, afirmou. A questão, de acordo com ele, é que para haver um teto de despesas é preciso excluir os investimentos da conta porque se trata de um instrumento contracíclico e de melhora estrutura. “Temos que ter uma regra de controle das despesas. Pode ser crescimento do PIB, mas não está fechado. Temos que ter mecanismos de controle da dívida. Só com isso também conseguimos controlar a despesa com juro”, argumentou.

Estas são as bases, de acordo com Marconi, para se criar condições macroeconômicas para melhorar a estrutura produtiva. “São necessárias, mas não são suficientes”, observou. Também é necessário, conforme o economista, ampliar o investimento em infraestrutura pelo setor público ou privado. “Vamos montar um fundo de investimento público com recurso do Tesouro, das outorgas e uma parte pequena das reservas (internacionais)”, citou. Ele defendeu também a criação de metas de exportação de manufaturados. “A riqueza de um país passa por aí.”

O coordenador comentou ainda que o programa de Ciro prevê que nenhum brasileiro ficará abaixo da linha da pobreza. “Isso significa o pagamento de um benefício médio de R$ 1.011,00. É bem mais alto do que outras”, disse, ironizando propostas de outros candidatos. A reforma tributaria defendida pelo PDT é justamente para fazer funding para essa renda mínima. “Por isso a taxação de grandes fortunas.”

O evento é organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), Conselho Regional de Economia do DF (Corecon-DF) e Fórum Nacional pela Redução da Desigualdade. Também está presente o assessor da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Guilherme Mello. Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe DÁvila (Novo) não enviaram representantes.

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