Artigo – Brasília, nota seis
Ao completar 57 anos, Brasília se consolida como uma das cinco maiores metrópoles do País, com 4,3 milhões de habitantes, sendo 3,03 milhões no quadrilátero e 1,25 milhão nos 12 municípios goianos adjacentes. Muito embora seja uma das metrópoles com maior PIB e renda per capita do Brasil e tida por muitos brasileiros como “ilha da fantasia”, o fato é que estamos muito longe de proporcionar boa qualidade de vida à maioria de nossa população.
O Índice de Desenvolvimento Municipal da Associação Nacional das Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística (IDM-Anipes), divulgado nesta semana, revela que, numa escala que varia de zero a 1, Brasília ocupa posição de destaque no indicador de riqueza (escore de 0,82), mas posição medíocre quando se considera a dimensão social (0,63), sendo de 0,65 no indicador de saúde e de 0,62 no indicador de educação.
Chama atenção o “gap” entre as notas conferidas à variável riqueza e à variável social. Para efeito de comparação, o município de Curitiba, metrópole paranaense com dimensão similar à nossa, apresenta escore 0,85 para riqueza e 0,75 para social (saúde e educação com escore de 0,75). Mesmo cidades com economias mais frágeis, como Campo Grande, apresentam menor disparidade entre o escore em riqueza (0,76) e social (0,70), sendo 0,63 em saúde e 0,76 em educação. Comparado a municípios de porte médio, a diferença é ainda mais gritante. São Caetano do Sul (SP), por exemplo, obteve 0,90 em riqueza e 0,91 na dimensão social, sendo 0,84 em saúde e 0,98 em educação.
É fato que grande número de municípios brasileiros apresenta índices ruins, particularmente nas regiões Norte e Nordeste, mas é inaceitável que a rica capital da República, cidade planejada e tão cortejada por recursos da União, apresente, em seu 57º aniversário, indicadores sociais tão sofríveis.
Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia e da Anipes.