BRICS ou IC?

  • 4 de maio de 2022
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Artigo de opinião por Lauro Chaves Neto*

O acrônimo BRIC foi criado em 2001 pelo economista britânico Jim O´Neil, do Goldman Sachs, em um trabalho que elaborava cenários para o crescimento de Brasil, Rússia, Índia e China. O S veio com a inclusão da África do Sul.

O´Neil fez a estimativa de que a participação dos emergentes na economia mundial passaria de 20 para 27%, de 2001 até 2011, enquanto que o FMI aponta que essa participação chegou a 26,8% em 2011 e 31,2% em 2021. Para Brasil e Rússia, o economista projetou um crescimento anual médio de 4%, enquanto que o resultado real foi de 2,2% e 3,1% respectivamente.

De forma consolidada os BRICS já respondem por quase um terço do PIB mundial, porém esse resultado deve ser creditado principalmente a China e, em menor proporção a Índia. Ano passado, O´Neil publicou um artigo onde defende que na primeira década do século os quatro países tiveram desempenho melhor que o projetado. Já na segunda década, as participações de Brasil e Rússia no PIB Mundial diminuíram.

Em 2017, O´Neil já defendia que o acrônimo deveria passar apenas IC (Índia e China), sendo o Brasil e a Rússia as grandes decepções. Naquele ano o Brasil estava saindo da grande recessão de 2014-2016 e teve um crescimento anual pífio de aproximadamente 1% de 2017-2019. De 2022 a 2026 o país deve dobrar esse crescimento médio, ainda assim 2% médio ao ano seria insuficiente para proporcionar a diminuição necessária no nível de desemprego, combate a pobreza, redução das desigualdades e a retomada da atividade econômica.

Já a Rússia que vinha com desempenho econômico abaixo do previsto, deverá ter um pior cenário com a Guerra da Ucrânia e as consequências das sanções aplicadas. O Banco Central Russo já projeta uma inflação de 20% e uma contração econômica de 8% em 2022.

A Rússia foi excluída do Sistema Internacional de Transações Bancárias, algumas empresas estrangeiras deixaram de operar no país e os EUA proibiram a importação de petróleo e gás russos. Dentro dos BRICS, as reações tem sido menos agressivas. Do grupo, enquanto os demais países se abstiveram, apenas o Brasil votou a favor de uma resolução da ONU condenando a invasão.

*Lauro Chaves Neto – Professor da UECE, PHD pela Universidade de Barcelona e Conselheiro Federal de Economia.

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