Cerimônia de abertura do XXIII CBE contou com premiações e palestra sobre conjuntura econômica
O reconhecimento de profissionais e entidades que se destacaram na área econômica e o debate sobre atual conjuntura foram os destaques da cerimônia de abertura do XXIII Congresso Brasileiro de Economia. O evento ocorre a cada dois anos e esta edição é realizada em Florianópolis a partir de uma parceria entre o Cofecon e o Conselho Regional de Economia de Santa Catarina (Corecon-SC). Cerca de 1.000 pessoas, entre estudantes e profissionais, estarão reunidas para discutir “Alternativas para a retomada do desenvolvimento econômico” de 16 a 18 de outubro.
A mesa de abertura foi composta pelas seguintes autoridades: o presidente do Conselho Regional de Economia de Santa Catarina (Corecon-SC), Paulo Polli Lobo; o vice-presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda; o prefeito de Florianópolis, Gean Marques Loureiro; o vice-presidente do Corecon-SC, Waldemar Bornahusen Neto; o presidente da Federação Nacional dos Economistas, Odisnei Antônio Béga; o presidente da Associação dos Conselhos Profissionais de Santa Catarina, Ari Geraldo Neumann; o secretário de estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, Amandio João da Silva Júnior; o desembargador Leopoldo Augusto Bruggemann, representando o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, desembargador Rodrigo Collaço.
Antes de seu discurso, o presidente do Corecon-SC pediu um minuto de silêncio em homenagem à memória do economista Antônio Carlos Vieira, falecido na última terça-feira, 15 de outubro. “Ele deixou um legado de ética, conhecimento e amizade”, declarou. Ao se referir ao CBE, afirmou que o evento foi idealizado buscando promover debates técnicos. “Vivemos em um dos mais polarizados momentos da história do Brasil e, sem dúvida, até pela natureza da ciência econômica, esses efeitos refletem diretamente na economia, seus pensadores e proposições de políticas públicas. Os participantes do CBE verão debates com ponto e contraponto, para que tenham uma formação plural e consciente”, disse.
Já o prefeito de Florianópolis, Gean Marques Loureiro, destacou que a economia é um tema transversal de convívio em todas as áreas e que na administração pública não é diferente. “Os conhecimentos econômicos são fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade e podem gerar a igualdade social tão desejada. Juntos, a sociedade civil e o poder público podem criar um ambiente favorável para o desenvolvimento econômico”, indicou o prefeito.
O presidente do Cofecon, Wellington Leonardo da Silva, não esteve presente na abertura do evento, mas deixou uma mensagem aos congressistas. “Estamos em um momento muito penoso, no Brasil. O obscurantismo, o ataque ao conhecimento, o ataque ao saber, o ataque às universidades, às escolas de nível médio e às escolas de nível básico através dos contingenciamentos e cortes orçamentários têm como objetivo manter sem cultura, sem conhecimento adequado, a população brasileira”, argumentou Wellington Leonardo. O vice-presidente do Cofecon, presidente em exercício na ocasião, o representou na solenidade.
Antonio Corrêa de Lacerda destacou a importância de realizar o evento em um momento tão importante para o futuro do Brasil e deixou uma breve mensagem sobre o papel dos economistas e de entidades representativas dos economistas. “É importante a capacitação dos economistas nas mais variadas correntes teóricas para o entendimento e a discussão dos grandes problemas nacionais e internacionais. Sabemos também que as políticas econômicas não são neutras, daí a importância da correlação de se entender os aspectos técnicos com os seus impactos políticos, econômicos e sociais”, informou. Disse que há, no Brasil, uma mudança expressiva no que se refere à linha da política econômica. “Há uma fé exagerada num projeto neoliberal que não encontra, muitas vezes, respaldo nem na teoria econômica nem mesmo nas experiências bem-sucedidas de vários países. O nosso papel como economistas, e nas nossas entidades representativas, está em aprofundar essas questões”, disse.
Prêmio Brasil de Economia
O Cofecon realizou a entrega da XXV edição do Prêmio Brasil de Economia, iniciativa que busca incentivar a investigação econômica em geral e estimular economistas e estudantes de Economia a desenvolverem pesquisas voltadas para o conhecimento da realidade Brasileira.
Na categoria Livro de Economia foram premiados os seguintes economistas: Beatriz Macchione Saes (1º lugar); José da Silveira Filho (2º lugar); e Fernanda Graziella Cardoso (3º lugar). Em Tese de Doutorado, os vencedores foram os economistas Tomás Amaral Torezani (1º lugar); Milanez de Lima Almeida (2º lugar); Autenir Carvalho de Rezende (3º lugar).
Já na categoria Dissertação de Mestrado, houve o reconhecimento dos seguintes economistas Arthur Henrique Santos Bronzim (1º lugar); Camila de Almeida Luca (2º lugar); Alex Rilie Moreira Rodrigues (3º lugar). Na categoria Artigo Técnico ou Científico, premiações para Augusta Pelinski Raiher (1º lugar); Keynis Cândido de Souto e Marco Flávio da Cunha Resende (2º lugar); Kalinca Léia Becker (3º lugar).
Por fim, na categoria Monografia de Graduação, foram premiados os seguintes estudantes Áurea Christina Santos Souza (1º lugar); Jefferson Chaves da Silva (2º lugar); e Ana Clara Ramos Simões (3º lugar).
Premiação Destaque Econômico
A cerimônia premiou as entidades que foram reconhecidas pelos Corecons como Destaque Econômico, nas categorias Desempenho Técnico, Mídia e Academia. Na categoria Academia, recebeu a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); na categoria Mídia, foi homenageada a Carta Capital; e na categoria Desempenho Técnico, foi condecorado o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A economista pernambucana Tania Bacelar foi reconhecida como Personalidade Econômica do Ano. A premiação já reconheceu economistas como Ladislau Dowbor, Eduardo Gianetti, Otaviano Canuto, Wilson Cano, Paulo Nogueira Batista Júnior e Delfim Netto. Ao receber o Prêmio, Tania Bacelar afirmou que vai usar a distinção para continuar a sua luta, que é a luta de muita gente, por um Brasil desenvolvido. “É um país que tem um enorme potencial para enfrentar o seu verdadeiro desafio, que não é o da agenda de curto prazo, não é só responder a pergunta de como se retoma o crescimento do PIB, é uma questão muito mais estratégica. Na minha visão, nosso grande desafio é como reposicionamos o Brasil no século XXI. Não devemos nos basear nos modelos do século XX porque o mundo mudou. Temos que olhar fora da caixa e olharmos para o nosso potencial, de sermos uma nação soberana, respeitosa ao meio ambiente, voltada para a construção de uma sociedade justa, e o Brasil tem condição de ser isso. Contem comigo nessa luta”, concluiu Tania Bacelar.
Após a homenagem à Tania Bacelar, o presidente do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB), Celso Pinto Mangueira, realizou uma breve apresentação do XVII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia, a ser realizado de 23 a 25 de setembro de 2020 em João Pessoa. O evento marcará o centenário de Celso Furtado e entre as atividades previstas estão o lançamento de livro comemorativo, concurso de Redação, Prêmio Monografia, Outorga da Medalha de Celso Furtado, Lançamento de selo comemorativo, seminários e exposição sobre Celso Furtado.
Palestra
A palestra de abertura foi proferida pelo economista Paulo Nogueira Batista Júnior, que tratou do tema “Situação e Perspectivas da Economia Brasileira”. O palestrante foi vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento estabelecido pelos BRICS, em Xangai, e diretor-executivo pelo Brasil e outros países no Fundo Monetário Internacional.