Cofecon recebe visita da professora portuguesa Margarida Mano
Economista, ex-deputada e ex-ministra da educação, a docente representou a Ordem dos Economistas de Portugal em reunião com conselheiros federais
O Conselho Federal de Economia recebeu nesta sexta-feira (26) a visita da economista Margarida Mano, vogal da Ordem dos Economistas de Portugal. Ela foi recebida pelo presidente do Cofecon, Paulo Dantas da Costa, que esteve acompanhado dos conselheiros Antonio Corrêa de Lacerda, Carlos Alberto Safatle, Carlos Roberto de Castro, João Manoel Gonçalves Barbosa e Mônica Beraldo.
A conversa entre os representantes dos economistas brasileiros e portugueses passou por assuntos como as prerrogativas profissionais (atividades próprias dos economistas), bem como questões referentes ao registro de mestres e doutores e de profissionais graduados em cursos conexos aos de Ciências Econômicas – como é o caso de Finanças, Relações Internacionais e Comércio Exterior. Também foram apresentadas algumas das atividades do Cofecon que ressaltam o papel dos economistas para a sociedade, como o Prêmio Paul Singer de Boas Práticas Acadêmicas, a Gincana Nacional de Economia, o Prêmio Brasil de Economia, entre outros projetos.
Durante o encontro, o presidente do Cofecon chamou atenção para atuação dos economistas brasileiros em diferentes frentes. “É difícil haver um noticiário sem que haja a participação de um economista”, afirmou. E para exemplificar, Dantas ressaltou as atividades próprias da profissão, mencionando que no Brasil uma atividade muito importante é a elaboração de projetos de viabilidade econômica. “Entendemos que este é um ato de economista”, expressou o presidente. “E entendemos que a elaboração de orçamento público também seja um ato de economista, embora ninguém tenha estabelecido que seja”.
Dantas abordou também as questões referentes ao registro de profissionais de cursos conexos: “O estudante de finanças, uma vez concluído o curso, não tinha um local onde fazer seu registro. Aqui nos deparamos com a realidade deles. Vimos a grade curricular do curso, não só deles, como também de relações internacionais. Fizemos a possibilidade do registro, preservadas as atividades que são privativas dos economistas, que estão na lei. Eles são internacionalistas e financistas, não são economistas. Atividades conexas”.
O ex-presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, apontou alguns eixos de trabalho conjunto entre a entidade brasileira e a portuguesa. Primeiro, o reconhecimento de que os economistas possam usufruir das mesmas prerrogativas dos nativos em ambos os países; depois, falou sobre a realização de um intercâmbio profissional, um fórum Portugal-Brasil para debater questões profissionais e teóricas; e por último trouxe a importância do debate cultural entre os profissionais dos dois países.
Margarida Mano
Margarida Mano é economista pela Universidade de Coimbra, com mestrado pela mesma instituição e doutorado em Gestão pela Universidade de Southampton (Reino Unido). Em Coimbra foi pró-reitora e vice-reitora. Foi eleita deputada em 2015 e, no mesmo ano, foi titular do Ministério da Educação e Ciência de Portugal. Atualmente ocupa o cargo de vogal na Ordem dos Economistas de Portugal.
“Tive a possibilidade de seguir uma carreira acadêmica, mas também com funções no mercado de trabalho, e isso criou oportunidades de recentemente exercer funções no serviço público”, conta a professora. “Tive a possibilidade de trabalhar como economista em áreas como a de administração pública, com possibilidades em vários níveis”.
Para a professora, a visão de mundo é fundamental na execução das atividades do economista. “Independentemente dos lugares que ocupamos a questão central é a do conhecimento, da consciência, de acrescentar algo com a formação que temos e com as pessoas que somos”, expressou. “Hoje estamos numa sociedade diferente, onde a interdisciplinaridade é um diferencial, a capacidade de formar economistas com outros saberes. Significa que a formação tem que ser muito diversa. Temos também os desafios da sustentabilidade, os novos paradigmas da economia. Eu diria que são desafios de consolidação do que é essencial na teoria econômica”.
Em relação à profissão de economista e aos entendimentos entre o Cofecon e a OEP, ela ressalta que no Brasil e em Portugal há enquadramentos diferentes. “A reciprocidade é um ótimo princípio, a primeira questão é estabelecer quais são as nossas competências, do ponto de vista do enquadramento regulamentar”, menciona. “As possibilidades de trabalho conjunto entre o Cofecon e a Ordem são muitas. Foram alcançadas três intenções de trabalho que me parecem muito importantes, que são os eventos profissionais de economistas dos dois países, a possibilidade de se criar um fórum para trabalhar matérias da profissão que sejam relevantes para ambos, e outra área que ainda me parece distante, que tem a ver com a questão da cultura dos economistas. Para nos aproximarmos, temos que nos conhecer melhor”.
Visita à Ordem dos Economistas de Portugal
Em setembro de 2022 o então presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, reuniu-se com o bastonário da Ordem dos Economistas de Portugal, António Mendonça, para tratar de um protocolo de entendimentos visando intercâmbio de temas profissionais, acadêmicos e culturais de interesse dos dois países.
Sob o ponto de vista profissional, busca-se um entendimento para que o Cofecon e a OEP venham a estabelecer condições para que economistas registrados em uma das instituições sejam admitidos na outra.