Com presença do ministro Wellington Dias, XIV Eneoeste teve início em Brasília

  • 19 de setembro de 2024
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Abertura do evento foi realizada no auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Clique AQUI para ver as fotos do evento

O auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal recebeu nesta terça-feira (17) a solenidade de abertura do XIV Encontro de Economistas do Centro-Oeste (Eneoeste). O evento, neste ano, tem como tema “Construindo pontes para o desenvolvimento sustentável: desafios e oportunidades para a região Centro-Oeste”. Confira AQUI as fotos do evento.

“Este é um momento privilegiado de reflexão, fortalecimento de redes de cooperação e trocas de experiência reunindo estudantes e entusiastas da área econômica”, expressou a presidente do Corecon-DF, Luciana Acioly. “Nosso objetivo é promover um debate qualificado sobre o desenvolvimento econômico e temos claramente uma preferência por fazer as discussões com o enquadramento mais abrangente, que são as regiões do Brasil. Espero que possamos promover o intercâmbio de ideias e experiências, com redes de debates, negócios e estudos, explorando todas as possibilidades que um encontro assim pode trazer”.

O coordenador da Comissão de Política Econômica e vice-coordenador da Comissão de Desenvolvimento Regional do Cofecon, Heric Santos Hossoé, falou sobre três pilares do desenvolvimento sustentável: o econômico, o ambiental e a justiça social. “Nos dias atuais há grandes desafios e tenho certeza de que este espaço será de muito debate e troca de ideias”, comentou. “O Cofecon se sente muito feliz em ser parceiro desta iniciativa. A Comissão de Desenvolvimento Regional busca fortalecer estes encontros, com a finalidade de desenvolver ações que contribuam com o futuro do nosso País”.

O presidente do Cofecon, Paulo Dantas da Costa, enviou uma saudação em vídeo exibido na solenidade. “Os encontros desta natureza têm sido positivos, tanto no sentido de contribuir com a questão essencialmente econômica como também no que diz respeito aos interesses propriamente ditos das entidades que compõem esta região”, mencionou. “O encontro em Brasília está revestido da maior importância, dada a conjuntura atual pela qual passamos. Desejo um bom evento na certeza de que haverá um produto final qualificado”.

Ministro Wellington Dias e Corecon-DF assinam protocolo

A noite também foi marcada pela assinatura de um protocolo de intenções entre o Conselho Regional de Economia do Distrito Federal e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. O acordo busca “o estabelecimento de mecanismos de cooperação a fim de promover inclusão socioeconômica e redução de pobreza de pessoas inscritas no Cadastro Único por meio da oferta de ações de apoio à qualificação profissional e inserção no mundo do trabalho e incentivo ao empreendedorismo”.

Após elogiar a pauta do evento, Dias ressaltou a importância da parceria. “O Brasil tem inúmeros desafios, alguns deles gigantescos. Não são só problemas do governo, mas da sociedade”, afirmou. Ele mencionou que o Cadastro Único tem 95 milhões de pessoas, e que 55 milhões são atendidas pelo Bolsa-Família. “Dito assim parece bonito, mas são pessoas em situação de vulnerabilidade”.

Dentro do Cadastro Único, são 56 milhões de pessoas que poderiam ser parte da população economicamente ativa, e 10% delas têm curso superior. “Estamos falando de um tesouro do Brasil: pessoas que têm talento para diversas áreas”, apontou. Ele também abordou um trabalho conjunto feito com empresas parceiras a fim de gerar empregos para pessoas inscritas no CadÚnico. “Aprendi, como governador do Piauí, que muitas vezes contratamos cursos de capacitação e, ao conversar com os empreendedores, é preciso formar tudo de novo. Então, gosto de fazer essa formação com os demandantes. Os supermercadistas já contrataram desde o ano passado 21 mil pessoas do Bolsa-Família no Brasil todo”.

Um problema verificado no contexto do programa social era o crescimento da informalidade. “A regra estabelecia que, ao assinar a carteira, ou abrir um CNPJ de microempreendedor individual, a pessoa perderia o benefício. Se o objetivo era tirar da pobreza, o fato de trabalhar não significava que saiu dela”, analisou o ministro. “Alteramos a regra para estas pessoas, criando uma faixa de renda intermediária, em que é possível acumular o salário ou a renda do negócio com o benefício do Bolsa-Família. Também atendemos aos que tinham empregos temporários e passamos a computar a média de 12 meses em vez de observar apenas um mês em que o ganho esteve acima da renda estabelecida no programa”.

O ministro trouxe o dado de que 9 milhões de brasileiros do CadÚnico celebraram um contrato de trabalho no ano passado, e que até julho deste ano foram 5,5 milhões. Ele mencionou também o programa Acredita no Primeiro Passo, que oferece crédito a empreendedores que fazem parte do Cadastro. “Calibramos as taxas de juros, que variam de 0 a 8,7% ao ano e em prazos adequados, com assistência técnica e o Fundo Garantidor”, informou, trazendo o dado de que 4,6 milhões de pessoas dentro deste universo possuem CNPJ. “Estamos propondo um protocolo. De um lado, para poder organizar qualificação, e por outro, estruturação de negócios para este público. Este Conselho, com pessoas que estão em várias atividades, pode ajudar o Brasil. Vamos tirar o País do mapa da fome. Este casamento da integração social com o econômico dará bons resultados, e estendo a mão para que possamos trabalhar juntos”.

Demais integrantes da mesa de abertura

João Batista Moreira, presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, recordou o momento em que a presidente do Corecon-DF, Luciana Acioly o convidou para realizar uma palestra sobre perícia econômico-financeira auxiliando no processo decisório. “Naquela ocasião pedi para esperar um pouco mais e, num futuro, aceitar o convite para fazer uma palestra realmente técnica”, comentou. “Uma das ações mais rumorosas neste caso foi a do setor sucroalcooleiro, que envolvia mais de 100 bilhões de reais”, contou o juiz, lembrando que, após comentar o assunto, Luciana disponibilizou a ele uma recente decisão do STF sobre o caso. “Foi necessária perícia contábil e econômica, porque o tema é justamente este. A decisão que foi até a última instância era se o dano alegado era contábil ou econômico”.

Agaciel Maia, secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, falou de uma lei distrital de sua autoria estabelecendo que nenhuma proposição legislativa do Poder Executivo seja encaminhada sem o impacto financeiro detalhado por um economista. “Já faz alguns anos que não se fala em desequilíbrio econômico no orçamento do Distrito Federal. Meu grande sonho é que esta legislação um dia seja nacional”, pontuou. “Há um papel muito importante para o economista na área privada e no mercado financeiro, mas precisamos fortalecer sua função dentro do setor público. Neste sentido, o papel do Corecon, aproximando-se dos segmentos da infraestrutura e agricultura, é muito importante”.

Rafael Bueno, secretário de Agricultura do Distrito Federal, comentou que uma peculiaridade da agricultura na unidade federativa é o tamanho diminuto. “Este desafio leva o produtor do DF a buscar mais tecnologia, refletindo em recordes de produtividade e no investimento em sementes básicas, que têm valor agregado maior”, afirmou. “Temos a vantagem da logística, não só para exportação, mas também para abastecer o mercado interno. O grande desafio do governo é dar infraestrutura ao produtor local”.

O subsecretário de Turismo do Distrito Federal, Franklin Martins, trouxe vários números do setor. “O Distrito Federal recebeu neste ano 25 mil turistas estrangeiros, um aumento de 33,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Este avanço é fruto de medidas estratégicas que adotamos, como a redução do ICMS sobre o querosene, barateando os voos e as passagens”, explicou. “O desafio vai além de atrair visitantes. Precisamos oferecer motivos para que eles permaneçam aqui e desejem voltar. Neste sentido, estamos trabalhando com toda a rede de turismo na criação de novas rotas e apoiando a realização de grandes eventos”.

Paulo Octávio Alves Pereira, diretor da empresa que leva seu nome, expressou sua admiração pelos economistas. “Foram os economistas que acompanharam JK que fizeram Brasília, deram incentivo a ele e ajudaram a arrumar o recurso para a nossa cidade e fazer aquele grande projeto que foram os 50 anos em 5, que mudou a cara do Brasil. Foram os economistas que ajudaram Fernando Henrique a consolidar o Plano Real”, disse. “Portanto, a função dos economistas no planejamento, no futuro do melhor país do mundo, e sempre digo que o Brasil é o melhor país do mundo, é muito importante”.

Rogério Araújo, gerente de fomento às estratégias ASG da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial, observou que desde 2004 a instituição vem sendo uma das responsáveis pela política industrial brasileira. “Estamos passando por um processo de mudança climática que coloca limitações para quem não se adaptar ou não buscar a inovação como saída. Vimos tragédias como as enchentes no Rio Grande do Sul ou as queimadas”, analisou. “Temos a oportunidade ímpar de colocar qualidade no crescimento econômico brasileiro nos próximos anos, seja na distribuição de renda, seja na geração de valor agregado. Não basta exportar soja e algodão, é preciso ter toda uma cadeia produtiva”.

Luciana Barros, Superintendente da Sudeco, explicou as funções da autarquia, que é vinculada ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. “Temos fontes de financiamento com o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), que existe há mais de trinta anos trazendo desenvolvimento com foco na geração de emprego e renda. Mas isso só foi possível porque a construção de políticas públicas é feita escutando o setor produtivo”, argumentou. “E como se faz isso? Com o papel dos economistas. Vocês executam os projetos. Esse termômetro é feito por vocês”. Ela também mencionou problemas como a alta concentração de renda na região e o fato de grande parte dos recursos de desenvolvimento irem para a agropecuária. E citou projetos, como a rota bioceânica, que podem impactar várias partes da região.

Cláudio Amitrano, diretor de estudos e políticas macroeconômicas do IPEA, destacou a importância dos temas de debate no evento. “Uma das diretorias mais antigas, uma das maiores do IPEA, é a de desenvolvimento regional. Isso dá a dimensão do que um encontro dessa natureza representa para nós”, observou. “O Brasil vive um momento bastante positivo, com a economia crescendo, mas é também extremamente desafiador: um momento de ameaças climáticas, tecnologias disruptivas e com a geopolítica colocando desafios significativos para pensarmos o desenvolvimento”.

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