Desigualdade Social no Brasil foi tema de debate realizado no Cofecon

O presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, e a professora Maria de Lourdes Rollemberg Mollo, da Universidade de Brasília (UnB), participaram de debate promovido pelo Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) sobre Desigualdade Social no Brasil. A ação faz parte da Semana do Economista, promovida pelo Regional, em comemoração ao Dia do Economista, celebrado em 13 de agosto. O evento ocorreu na sede do Cofecon, em Brasília, na última quarta-feira, 16 de agosto, e foi transmitido ao vivo pela página da autarquia no Facebook. Ao todo, 1.141 pessoas acompanharam o debate pela rede social. O vídeo está disponível AQUI.

O debate foi mediado pelo presidente do Corecon-DF, Mário Sérgio Sallorenzo. A professora Maria de Lourdes foi a primeira a se apresentar e afirmou que a desigualdade social é o principal problema brasileiro e mais recentemente está entre os principais problemas mundiais, e que os economistas debatem pouco o assunto. “É uma situação extremamente difícil acabar com a desigualdade na situação em que o Brasil e o mundo se encontram. Fiquei muito feliz em saber que o Cofecon está encabeçando uma campanha em um momento muito desfavorável, mas extremamente importante de ser tocado”, afirmou a professora referindo-se à Campanha pela Redução da Desigualdade Social no Brasil, uma iniciativa do Cofecon que já conta com o apoio de 30 entidades.

Maria de Lourdes Mollo afirmou que o imposto indireto não é capaz de reduzir a desigualdade. “É preciso cobrar dividendos e tornar a alíquota do imposto de renda muito mais progressiva do que ela é, e é exatamente isso que os jornais e as pessoas não falam. Essa campanha tem importância enorme porque vai dizer exatamente o que precisa ser discutido”, defendeu a professora. Ela destacou o eixo central da Campanha pela Redução da Desigualdade Social no Brasil, que propõe mudar o modelo tributário brasileiro, reduzindo a tributação sobre o consumo e a produção e aumentando sobre a renda e a riqueza.

Em sua fala, Júlio Miragaya também observou que os economistas debatem pouco o assunto, mas disse acreditar que a sociedade está interessada na discussão. Ele destacou que 320 pessoas participaram do ato de lançamento da Campanha, realizado na Câmara dos Deputados, no dia 11 de maio. “Um terço dos participantes eram da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), então essa turma está interessada em discutir desigualdade. Ela tem todo o interesse e vai depender muito da nossa capacidade levar essas informações para esse pessoal que está na base da pirâmide e que são as principais vítimas dessa extrema desigualdade que temos”, observou Miragaya.

O presidente do Cofecon destacou dados divulgados pelo IPEA e PNUD que mostrou a redução que tivemos em 2015 nessa questão da distribuição da renda. “Isso é fruto da recessão, mas não somente isso. Já no governo Dilma começamos um processo de retirada de direitos e que foi intensificado por Temer. O resultado foi que 4,1 milhões de pessoas retornaram à faixa da pobreza, sendo mais de 1 milhão regressando à extrema pobreza. Claro que esse número aumenta em 2016 e mais ainda este ano, é só esperar os relatórios”, lamentou Miragaya.

Na oportunidade, foi lançado o Fórum local da Campanha, que será coordenado pela vice-presidente do Corecon-DF, Mônica Beraldo, a fim de reunir entidades do Distrito Federal interessadas em realizar ações para difundir essa iniciativa.

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