Artigo – Desprezível

  • 22 de junho de 2017
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Em sua visita a Moscou, curiosamente no ano do centenário da Revolução Soviética, Temer assim discursou aos russos: “Quero salientar que pusemos o País nos trilhos e precisamente, no momento em que a economia começou a decolar, acontecem fatos absolutamente desprezíveis e desprezáveis”. A que fatos Temer se referiu? Presume-se que sejam a delação de Joesley Batista, a mala do assessor Rodrigo Loures e o processo da PGR. Seriam, realmente, fatos desprezáveis?

            Temer deve ter mais cuidado com o uso de certas palavras, pois elas podem se voltar contra si próprio. Senão, vejamos. Ao contrário do que afirma, deve ser dito que o país não “está nos trilhos” nem a economia começou a decolar, a menos que sejam desprezados números que Temer insiste em não mencionar, tais como: a) queda de 2,8% do PIB nos 12 meses de seu governo (maio/2016 a abril/17) ante os 12 meses anteriores; b) aumento de 3,1 milhões de desempregados no mesmo período; c) déficit recorde nas contas públicas; d) queda de 61% dos investimentos públicos; e e) aumento de 40% da população abaixo da linha de pobreza. Discurso desprezível.

Temer, que se mantém no Planalto porque quatro ministros do TSE desprezaram de forma absurda as provas da delação da Odebrecht, curiosamente foi à Rússia promover as exportações de carnes do Brasil, cuja principal empresa exportadora para aquele país é a JBS, do desprezível Joesley Batista.

O fato é que se tem alguma coisa neste País que está sendo, de fato, desprezada, é a vontade popular. Temer insiste em aprovar uma Reforma Trabalhista, quando as pesquisas indicam que quase 70% da população é contra; insiste em votar a Reforma Previdenciária, repudiada por mais de 80% do povo, e o mais incrível, insiste em permanecer na presidência, cumprindo subalternamente a agenda do mercado financeiro, mesmo com uma taxa de rejeição popular de 90%, a maior da nossa história. Não seria isto uma conduta desprezível?

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