Artigo – É melhor comprar ou alugar?

  • 3 de julho de 2017
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O “custo de oportunidade” é um princípio básico das Ciências Econômicas, mas passa despercebido por muitas pessoas. Ao optar por adquirir uma propriedade, as pessoas deveriam levar em consideração a perda do rendimento financeiro por não aplicar esse capital. Por isso dizemos que mesmo quem mora em imóvel próprio paga uma espécie de “aluguel oculto”. É a renda que se deixa de receber por manter o recurso imobilizado. Esse é o custo econômico que queremos enfatizar.

Vamos nos focar no que consideramos essencial, que é demonstrar os ganhos que as pessoas podem ter ao abrir mão de imóvel. Sabemos, entretanto, que na vida cotidiana algumas variáveis intangíveis podem prevalecer em relação aos aspectos financeiros. Há pessoas que estão dispostas a pagar qualquer preço para ter um imóvel para chamar de seu. Isso tem que ser levado em conta, como também é importante considerar custos de financiamento, depreciação e riscos envolvidos nas negociações.

A nossa simulação se restringe ao caso hipotético de um consumidor que dispõe de R$ 300 mil para a compra de um imóvel, cuja valorização esperada é de 0,25% ao mês. Comparamos com a alternativa de adquirir título público federal, com rendimento líquido mensal de 0,71%, para se pagar aluguel de imóvel semelhante por R$ 1 mil.

No caso apresentado a melhor opção é alugar. O montante de R$ 300 mil aplicados gera uma renda de R$ 2.140 ao mês em investimento financeiro. Esse rendimento sozinho é capaz de cobrir a despesa de aluguel (de R$ 1 mil), de compensar a valorização imobiliária mensal (de R$ 740) e, além disso, gerar renda extra (de R$ 400) para o consumidor.

Consideramos uma situação em que o aluguel representa uma fração pequena do preço do imóvel (dividindo-se 1 mil por 300 mil tem-se 0,34%). Em casos como esse a valorização imobiliária deveria ser alta o suficiente para estimular investimento em ativo imobilizado. Do contrário será sempre melhor a combinação de mercado financeiro e aluguel de unidade.

O exemplo remete-nos a uma reflexão sobre o cenário atual do mercado imobiliário. A retração do crédito subsidiado, desemprego e incertezas têm ocasionado queda de consumo e menor valorização de imóveis residenciais. O índice FipeZap vem registrando alta de apenas 0,12% a.m. nos últimos 12 meses em Vitória. A performance é ruim comparada à valorização média de 1,32% a.m. entre 2013 e 2014.

No resumo, observamos que viver de aluguel pode ser uma opção economicamente mais vantajosa do que parece. Saber enxergar todos os custos e benefícios envolvidos nas alternativas é fundamental para se fazer boas escolhas. Além de estudar cenários macroeconômicos e atuar em empresas, os consumidores podem contar com a orientação profissional de Economistas para ajudar em decisões cotidianas dessa natureza.

Eduardo Araújo – Economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES).

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