Artigo – Endividamento familiar
A economia brasileira transita por águas turbulentas e poluídas, fruto não só do contexto global como das irresponsabilidades governamentais, principalmente da década passada. Como isso já foi analisado em artigos anteriores, aqui serão focados alguns aspectos específicos das causas e consequências da economia familiar.
Por um lado, é compreensível que nenhum governante goste de ver seu mandato caracterizado por situações de crise. Mas, por outro, não é elogiável que, para camuflar/mitigar essa realidade transfira os problemas para as famílias, pelo estímulo e a indução ao consumo exagerado ou incompatível com a realidade das famílias.
Isto não teria efeito negativo se todas as pessoas fossem conscientes e, ainda que aproveitando as boas ofertas e oportunidades, compreendam que suas demandas se comportem dentro das possibilidades, evitando transformar um prazer de curto prazo em desconforto durável.
Existem gastos, como saúde, educação, segurança, impostos, que são indispensáveis e nem sempre domináveis. Mas muitos outros não. Então, o que e como fazer ?
Não há uma regra genérica que se aplique a todas as famílias. Mas há procedimentos fundamentais que podem facilitar não só o equacionamento como, principalmente, a prevenção. Famílias ricas, com renda e reservas abundantes, não precisam ter muita preocupação. Mas outras não.
Prevenir é melhor do que remediar.
A sugestão é que cada família se conscientize, se capacite e ponha em prática o “Planejamento Familiar” de forma clara e concreta, discutido e aprovado pelos seus membros. Para que isso seja eficaz, sugere-se criar uma planilha (FICOMP – Finanças Comportamentais) que registre, dia a dia, os gastos classificados em grupos como alimentação, saúde, educação, impostos e outros, totalizando mensalmente e, disto, produzindo um gráfico que ilustre os gastos e as receitas. Em períodos semanais, quinzenais ou mensais, a família ou algum membro que a represente, analise esses dados. Se tudo estiver em equilíbrio, tubo bem. Se revelar desequilíbrio, a família se reúne e, em paz, com clareza, toma ações de redirecionamento ao equilíbrio.
Conquistado o equilíbrio, a família agradece e comemora.
Parece uma tarefa chata e difícil mas não é. O resultado é gratificante. A paz familiar evita distúrbios desnecessários.
Humberto Dalsasso é Economista, consultor de alta gestão