Artigo – Falta estratégia
O que tem travado o desenvolvimento econômico de Brasília nos últimos anos? São várias as causas, como veremos adiante, mas, principalmente, a total falta de uma estratégia de desenvolvimento.
Estudo realizado pela consultoria Endeavor nos 32 principais municípios brasileiros – abrangendo as 21 maiores capitais estaduais (exclui as cinco menores capitais, todas na Região Norte), o Distrito Federal e os dez mais prósperos municípios de médio porte do País – mostra Brasília na 16ª posição, uma colocação ruim, pois situa-se atrás de todas as capitais do Sul/Sudeste e de oito entre os dez municípios de médio porte, e à frente, apenas, das capitais do Norte/Nordeste/Centro Oeste, além dos outros dois municípios de porte médio.
Entre os sete quesitos do Estudo, Brasília vai bem em três: é a oitava em acesso a capital (extensa rede bancária e sede dos dois maiores bancos oficiais do País); segunda em ambiente regulatório (refutando reclamações de muitos empresários) e terceira quanto a mercado (afinal, são 3 milhões de consumidores com a maior renda per capita do País).
E em que quesitos Brasília aparece mal? Nos que já estamos fartos de saber: 20º lugar em infraestrutura econômica (praticamente desconectada da malha ferroviária nacional e com insuficiente suprimento energético); 25º lugar em inovação (expressa na incapacidade de fazer decolar o parque cidade digital); 25º lugar em capital humano (baixo grau de qualificação de profissionais em atividades técnicas e inovadoras) e último lugar em cultura empreendedora (consequência óbvia da forte dependência do setor público).
Sucessivos governos, presos na visão curtoprazista, acomodaram-se na dependência de recursos federais e abdicaram de formular e implementar uma estratégia de desenvolvimento que estimule a atração de investimentos e propicie a alavancagem da arrecadação tributária própria e a geração de empregos. Ainda há tempo, governador.
Júlio Miragaya, Presidente do Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (IBRASE)