Artigo – Golpe Branco

  • 7 de abril de 2016
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Nas décadas de 1960 e 1970 a ascensão das lutas sociais na América Latina foi barrada por golpes militares que instalaram diversas ditaduras no continente. Atualmente, a reação da direita ao tímido avanço das conquistas sociais na região tem se dado mediante golpes brancos. Assim foi no Paraguai, Guatemala e se articula no Brasil.

Consta no pedido de impeachment da Presidente Dilma sua responsabilização por ter infringido a LRF, mas o jornal Folha de São Paulo, favorável ao impeachment, reconhece que “as pedaladas fiscais são razão questionável numa cultura orçamentária ainda permissiva”, ou seja, que outros governos a praticaram e continuam praticando. Não há crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma e a própria “Folha” reconheceu que “há indícios, mas falta comprovação cabal para o impedimento”. Bem disse o Ministro do STF Marco Aurélio de Mello: “Se não há crime, é golpe!”.

O fato é que a elite brasileira, capitaneada pela Fiesp, deseja interromper o processo de redução da desigualdade em curso no país e confiscar os parcos direitos sociais conquistados. É disso que se trata. Fala-se em afastar a Presidente pois teria se instalado o caos no Brasil, mas já tivemos inflação mensal de 86% (contra 0,8% atual) e não houve impeachment; desemprego de 15% (hoje é de 9%) e não houve impeachment; parcas reservas internacionais de US$ 30 bilhões (hoje são US$ 360 bilhões) e não houve impeachment; pífio salário mínimo de 70 dólares (hoje é de 240 dólares) e não houve impeachment; mortalidade infantil de 52/1.000 (hoje é de 12/1.000) e não houve impeachment.

Os mais velhos hão de lembrar que o caos já houve na era do neoliberalismo tupiniquim, quando as crises econômicas geravam hordas de flagelados, quebra-quebras e frequentes saques de supermercados nas periferias. Nada disso ocorre hoje em face do sistema de proteção social existente. Que prevaleça a verdade!

 

Júlio Miragaya – Economista, Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável

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