Gustavo Casseb avalia a redução da Selic
O conselheiro federal e presidente do Corecon-BA falou à Rádio Metrópole sobre o tema.
O economista Gustavo Casseb avaliou, em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (3), a redução da taxa básica de juros, a Selic anunciada pelo Banco Central nesta quarta-feira (2). A Selic caiu de 13,75% para 13,25%, após três anos sem redução.
Casseb atribui a demora na redução, duramente criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a fatores ideológicos e também políticos. “A equipe comandada pelo presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] é muito ortodoxa e tem um viés monetarista, em que o mundo é circuito fechado, em que as decisões são pautadas pela relação mais clássica de oferta e demanda. Olhando sob esse prisma, a equipe tinha preocupação com a formação das expectativas em relação ao futuro, que historicamente, influencia em todos os processos decisórios”, analisou o economista.
O monetarismo é uma escola que enfatiza o papel dos governos em controlar a quantidade de dinheiro em circulação. O economista ressaltou que a redução foi resultado de uma queda de braço, e não foi um processo tranquilo. A votação para o valor percentual que seria a redução ficou em 5 a 4, com a maioria a favor da redução em 0,5 ponto percentual, enquanto o restante era a favor de uma redução de 0,25 ponto percentual. Hoje, o Brasil tem, ainda, uma das maiores taxas de juros, em comparação a outros países.
“A gente não pode ser leviano de dizer que havia uma intenção de Campo Neto de sabotar o governo Lula, mas a gente também não pode entrar na panacéia política. A gente tende a desmerecer essa composição”, analisou.
“O olhar do Banco Central, em que pese divergências ideológicas e políticas, estava muito pautado na relação de serviços. Então, o Banco Central apresentou resistência por uma questão ideológica, no sentido desse monetarismo, do entendimento de que o excesso de circulação monetária poderia provocar inflação de demanda, o que, a meu ver , é uma visão absolutamente equivocada. No Brasil, as famílias estão endividadas”, acrescentou.
Fonte: Metro1