Lacerda comenta recriação de ministérios e reinserção internacional

  • 24 de novembro de 2022
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O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, foi entrevistado nesta quarta-feira (23) durante uma transmissão realizada pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL). Ele faz parte da equipe de transição do governo federal, no grupo de trabalho de Planejamento, Orçamento e Gestão, e falou sobre a reinserção internacional do Brasil e a coordenação da economia. 

O mercado tem cobrado do governo Lula a escolha de um nome para comandar o Ministério da Economia – ou que outro nome ele venha a ter. Questionado sobre quando seria anunciado o nome, Lacerda comentou: “É uma boa pergunta que temos que fazer ao presidente Lula. Na verdade, esta visão parte de uma ideia equivocada de que haverá um sabichão que vai comandar tudo na área econômica. O programa de governo está sendo construído com base numa aliança. É um trabalho que envolve 16 partidos e vários segmentos da sociedade”. 

O presidente do Cofecon criticou a junção de vários ministérios para formar o Ministério da Economia. “Na prática, ele cuida do dia a dia, não tem a mínima visão estratégica, não tem função de planejamento, não tem braço produtivo”, argumentou. “A política econômica será do governo, e não de uma só pessoa, mas de uma equipe e um conjunto de ministérios atuando de forma integrada. Temos a proposta de recriação de  três ministérios, com a Fazenda (com o nome que tiver) cuidando da questão fiscal e do dia a dia; o Planejamento, Orçamento e Gestão resgatando a função do Estado de planejar, que é insubstituível; e o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que precisa ser resgatado, e precisa ter política industrial.” 

A necessidade de adotar políticas de competitividade também foi apontada por Lacerda. “Política industrial, de tecnologia, de comércio exterior, tudo isso precisa fazer parte da estratégia. Na atualidade há uma visão distorcida do “Estado mínimo”. O setor privado é importante, mas tem que ter uma coordenação do Estado”, acrescentou. “Nosso papel na transição é redesenhar as funções específicas de planejamento, orçamento e gestão, resgatando antigas funções, mas não repetindo-as, porque hoje os desafios são outros. Se a economia não funciona, não há programa social que possa dar conta de corrigir nossas mazelas.”  

Sobre a atração de investimentos estrangeiros, Lacerda chamou a atenção para o fato de que nos países mais bem-sucedidos na atração de investimentos diretos estrangeiros ele apenas representa 10% a 15% do total. “Claro que é importante, mas não é o preponderante. 85% a 90% dos investimentos são realizados com capitais domésticos, sejam eles privados ou parte do investimento do Estado”, ponderou. “O investimento estrangeiro pode complementar a formação bruta de capital, em áreas como semicondutores, bens de capital, eletroeletrônica e químico-fármaco, que representam um grande déficit na nossa balança comercial, e podem ser indutores de uma reinserção.” 

Mas para que haja este investimento estrangeiro externo, Lacerda acrescenta que é preciso condições econômicas para isso, e o Brasil precisa se reindustrializar. “Esta desindustrialização que vivenciamos se dá em função da falta de perspectivas de crescimento da economia, da falta de investimento público, de política industrial, de estratégia. O investimento estrangeiro, no âmbito de um projeto autônomo de reinserção nacional, será muito relevante”, finalizou. 

A entrevista pode ser assistida clicando no player abaixo:

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