Nota do Presidente – Bem-vindos ao clube!

  • 23 de março de 2021
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Nota do Presidente do Cofecon

Bem-vindos ao clube!

No último domingo (21) centenas de cidadãos entre economistas, empresários, ex-ministros e banqueiros divulgaram um manifesto no qual exigem medidas concretas de combate à pandemia causada pelo novo coronavírus – em especial, a vacinação. Em linhas gerais, argumentam que a crise econômica afeta mais os pobres e que não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica durante a pandemia. O documento vem tendo repercussão em diversos veículos de imprensa.

Consideramos alvissareiro que muitas das ideias expostas são defendidas há tempos  e com contundência pelo Conselho Federal de Economia- Cofecon.

Questionamentos trazidos pelos empresários, como a necessidade de medidas de isolamento social, também vêm ao encontro daquilo que o Cofecon defende. “Em relação às medidas durante o período de incidência, estamos alinhados com as recomendações científicas de distanciamento social, independentemente de seus efeitos sobre a economia”, publicou o Conselho em nota divulgada ainda no mês de junho de 2020 (clique aqui para acessar). A nota continha, inclusive, um alerta no momento em que o governo federal anunciava as primeiras medidas, como linhas de crédito barato para micro, pequenas e médias empresas: “Todavia, é de fundamental importância que tais recursos atinjam, efetivamente, os objetivos pretendidos, os seja, que se façam esforços para que protocolos existentes antes da pandemia e as restrições operacionais de sempre não inviabilizem os programas implantados”.

Já a nossa nota intitulada “Vacinas para todos” (clique aqui para acessar), divulgada em fevereiro passado, teve, inclusive, a adesão de outras entidades que compõem o Fórum pela Redução da Desigualdade Social no Brasil. “Além da gravidade da pandemia, as mutações do vírus, que o tornam perigoso e agressivo, vêm ocorrendo em vários países, incluindo o nosso”, apontou o Cofecon. “No caso brasileiro há um agravante devido à ineficiência do governo federal para lidar com a epidemia, garantindo vacinas e instalando um comitê nacional de enfrentamento à crise pandêmica. A ausência do governo nacional obrigou o STF a designar poder aos estados e municípios, com o objetivo maior de deter o avanço da pandemia”.

A nota também trouxe críticas à atuação do então ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo. “Nem sequer conseguiu realizar uma licitação decente para a compra de seringas, obtendo apenas 3% da quantidade necessária. Não agiu em relação ao esgotamento dos cilindros de oxigênio na cidade de Manaus, do qual foi avisado por organizações de saúde pública, verbalmente e por escrito, a partir de documentos formais que lhe foram encaminhados por cientistas e médicos nove dias antes da zeragem dos estoques. Pior: recusou oferta de vacinas da Pfizer feita em dezembro do ano passado e agora não consegue a quantidade necessária para imunizar a população”.

Na carta divulgada pelos empresários, o governo é criticado pela demora em implementar a vacinação. “O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país”, afirmam. E, mais uma vez, o argumento está alinhado com o que o Cofecon defendeu. “Todos os dias os negacionistas e inimigos da ciência dedicam-se a oferecer aos brasileiros receitas para prevenir ou curar da Covid-19. São remédios não recomendados pelos médicos e cientistas e não eficazes, tais como a Cloroquina, que pode provocar sequelas, e produtos destinados a matar piolhos”, afirmava a nota do Conselho. Assim, a autarquia propunha “às demais instituições públicas e privadas ações voltadas a exigir vacinas para todos em quantidade suficiente, e a tomada de outras medidas para reduzir a mortalidade causada pela Covid-19”.

Nas inúmeras entrevistas e artigos publicados por esta presidência e conselheiros do Cofecon, todas disponíveis no nosso portal, temos alertado a sociedade brasileira quanto à premência e urgência de políticas públicas de saúde, renda básica e principalmente que não há uma dicotomia entre combate à crise sanitária e economia. Pelo contrário, quão logo debelada a pandemia melhor para a recuperação da atividade econômica. Mas, atropelar o processo, mediante negacionismo da ciência, só faz agravar o caótico quadro que vivemos.

Antonio Corrêa de Lacerda, Prof. Dr.

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