Paulo Dantas: “crédito rotativo é muito perigoso para quem pretende ter as dívidas arrumadas”
Taxa de juros média nesta modalidade de crédito, ao final de 2022, era superior a 12,4% ao mês
O crédito rotativo por meio do cartão é uma das modalidades de financiamento mais perigosas. A possibilidade de pagamento parcial das faturas, somada às elevadas taxas de juros, podem colocar uma pessoa num ciclo de endividamento constante. Não por acaso, a inadimplência nesta modalidade de crédito para pessoas físicas chegou a 44,7% no final de 2022 – a maior taxa da série histórica do Banco Central, iniciada em março de 2011.
“A tomada do financiamento ocorre quando a administradora do cartão apresenta uma fatura – digamos que seja de mil reais – com a possibilidade de que a pessoa pague um mínimo de 150. A pessoa faz este pagamento e deixa o saldo remanescente para o mês seguinte”, aponta o presidente do Cofecon, Paulo Dantas da Costa. “O uso deste tipo de financiamento, que nós chamamos rotativo, é de um perigo muito grande, podendo fazer com que a pessoa não consiga sair do endividamento”.
As taxas de juros variam de uma operadora de cartão para outra, mas em dezembro de 2022 a taxa média era de 407% ao ano – o que dá mais de 12,4% ao mês. “É algo, no mínimo, exorbitante”, critica Dantas. “Se o indivíduo paga apenas a parcela mínima e deixa um saldo remanescente, a taxa de juros deixa a dívida praticamente no estágio em que estava anteriormente. Ele não consegue ir amortizando”.
Se amortizar uma dívida com esta taxa de juros é difícil, pode chegar um momento em que a pessoa não consiga mais pagar – e, neste caso, a administradora do cartão de crédito toma as medidas necessárias, inclusive com cobrança judicial. “Mas ela tem também a possibilidade de procurar a administradora do cartão e estabelecer um esquema de negociação, um parcelamento, mas submetida a uma incidência de juros elevada”. Por isso, é preciso muito cuidado com o uso do crédito rotativo do cartão: “É algo muito perigoso para quem pretende ter as dívidas arrumadas”, finaliza o economista.