Artigo – Piorou com Temer 3 – Política

  • 22 de dezembro de 2016
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Assim como nas esferas econômica e social, também na esfera política a promessa feita por Temer e sua trupe de que as coisas melhorariam com o impedimento da presidente Dilma não vem se confirmando. O loteamento do governo entre os partidos políticos, tão criticado quando feito por Dilma, foi ainda maior com Temer, e corruptos de longa data, no ritmo de um por mês, vem sendo exonerados dos ministérios, fulminados por novas denúncias de corrupção.

O fato é que a degeneração política avança a passos largos, provocando um enorme conflito entre os poderes (Executivo versus Congresso, Judiciário versus Executivo, Congresso versus Judiciário) e no interior dos mesmos (Geddel versus Calero, Maia versus Centrão, Mendes versus Lewandowski). O auge da confusão foi o “jeitinho” dado pelo STF para manter Renan na presidência do Senado, com o decano Celso de Melo justificando em seu voto que “o seu afastamento poderá ter grande impacto sobre a própria agenda legislativa do Senado Federal”, em outras palavras, prejudicar a aprovação da PEC 55 e a Reforma da Previdência.

Há 2.500 anos, período da Dinastia Zhou, o filósofo chinês Confúcio, externando toda sua sabedoria, disse que “Uma imagem vale mais que mil palavras”. De fato, a imagem do soldado soviético em abril de 1945 tremulando a bandeira da URSS no alto do Reichstag representava o colapso do governo nazista de Hitler. Do mesmo modo, a imagem do corpo do menino sírio Aylan Kurdi estendido numa praia turca, em setembro de 2015, expressava todo o drama da guerra civil na Síria.

Nesse rol pode ser inserida a foto da animada conversa ao pé do ouvido ocorrida em 6 de dezembro último entre o juiz/justiceiro Sergio Moro e o senador Aécio Neves, citado por quatro delatores no âmbito da “Lava Jato”, que não só escancara as ambiguidades e parcialidades do poder Judiciário no Brasil, como também revela o tamanho de nossa crise política e ética.


Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia

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